sábado, 28 de março de 2020

UMA "certa" ELEGÂNCIA

(por) Edison Borba



Quando eu era criança pequena lá em Inhaúma, apesar da nossa casa ser pequena e simples, na qual a cozinha - sala, ser coberta com telhas de zinco, meus pais trabalhadores, açougueiro e uma dona de casa lavadeira, mantinha -se uma "certa" elegância, que eu percebo nas minhas atuais atitudes atuais. "Se" arrumar para sentar à mesa das refeições. Comer devagar. Usar os talheres "certinhos". Saber conversar. Pedir permissão para se ausentar e esperar papai terminar para todos juntos comerem a sobremesa. Isso tudo acontecia com muita alegria. Mamãe sempre cantarolando Noel Rosa. Meu pai de camiseta branca, bigode bem aparado sempre contava um caso engraçado. Vovó, apesar dos passos vagarosos não deixava ninguém sem ser servido. Habituei-me a conviver com muitas pessoas da família, vizinhos e amigos. Meus pais eram pessoas agregadoras e não permitiam que ninguém ficasse sem uma refeição. Como eram elegantes e alegres os nossos domingos. A nossa mesa era de madeira (caixote), creio que tinha uns dois metros, que mamãe cobria com toalhas bordadas por ela. De cada lado um enorme banco. Nas cabeceiras as cadeiras, do meu pai de um lado e mamãe do outro. Vovó ficava à parte sempre caminhando. Ela gostava de comer após toda a família, que ela fazia questão de servir. 
Hoje, ao sentar-me à mesa, lembrei-me da elegância que havia no meu lar e, mais do que isso, havia muito amor, que chegava a transbordar dos nossos pratos para outros pratos com os quais partilhávamos nossas refeições.

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