terça-feira, 17 de março de 2020

OS SONS DA VIDA (em tempos de vírus)

(por) Edison Borba



Sentado diante do meu computador, em meu pequeno apartamento, ouço os sons dos meus vizinhos, que assim como eu, estão em isolamento espontâneo viral. Do terceiro andar chegam os plangentes acordes do violão daquele que trabalha no noite, como violonista. No momento ele está recordando Noel Rosa. Lindo! Mais acima, lá do quinto andar, a algazarra de crianças enlouquece a mãe e empregada que devem estar pensando no trabalho dos professores. Ouço latidos de cães, vozes cantantes das meninas da faxina e sons confusos de televisores ligados em pleno dia. Creio que as risadas mais "gostosas", tipo viúva Porcina, estejam chegando do sexto andar. Uma voz mais alta chama por alguém, um espirro, um pigarro, ruído de celular, água caindo de chuveiros e máquinas de lavar fazem parte da orquestra familiar nessa comunidade concentrada num edifício da Zona Sul da cidade.
Em tempos de vírus, somos levados à nostalgia do filme "Janela Indiscreta" do famoso Hitchcok.
P.S. No momento o violonista do 3º andar está me levando para os braços de "Luisa" de Tom e Vinícius de Morais.
Vem cá, Luiza  Me dá tua mão .... O teu desejo é sempre o meu desejo
Vem, me exorciza ....Dá-me tua boca ...

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