sábado, 26 de abril de 2014

AS SAIAS E A REVOLUÇÃO SOCIAL

           Uma peça do vestuário feminino, que já sofreu e ainda irá sofrer modificações. Já foi  comprida, com calda, com babados, combinando com a blusa e rendada como as das baianas que no carnaval giram embelezando a avenida dos desfiles.
Saias coloridas, tipo de balão ou as justas, como as usadas pelas pin-up-girls,  as rodadas, as longas, as de material sintético, as de couro, as saias franzidas e as de cor azul marinho e pregueadas dos uniformes das  normalistas.
Saudade da Grace Kelly, desfilando com uma saia levíssima, que a fez flutuar no filme “Ladrão de Casaca”. Uma imagem inesquecível de uma deusa de Holywood.
As retas ou assimétricas são símbolos de feminilidade.  As plissadas são lindas. De cintura alta são elegantes. Usadas para cobrir as pernas femininas, muitas vezes fazem os homens imaginar e sonhar com os segredos escondidos pela mais feminina peça do vestuário.
As elegantes saias arrastando-se pelos salões durante a “belle èpoque”, tornando ainda mais encantadoras  as figuras femininas apertadas em espartilhos.
 Um dia, Mary Quant,  uma estilista britânica, lançou mão de uma tesoura e encurtou-as transformando-as num pequeno pedaço de tecido deixando à mostra  o que tanto tempo foi ocultado. Sem medo e sem preconceitos surgia a minissaia, algumas com apenas 30 cm de comprimento, se completavam com as botas, mantendo a elegância.
Eram anos sessenta, período para os brasileiros, marcado pelo chumbo, pela força, pela censura e pelo medo. As minissaias foram um alento nos dias de cinzas, que juntamente com os Beatles, ajudou a deixar atmosfera mais amena nas ditaduras sulamericanas.
 Como um “fog” londrino, os Beatles e as minissaias espalharam-se pelo mundo mudando costumes e alterando regras. “Desvestindo” as mulheres revolucionou os costumes e os padrões sociais.
Ao som de “Hey Jude”, “Let It Be” e “Yesterday”, as meninas e suas minissaias mudaram o mundo, dando mais força para a mulher, como aconteceu quando elas conseguiram o direito ao voto.
As pernas, tão escondidas estavam agora à mostra e com elas também foram descortinadas outras possibilidades para o mundo feminino, era mais um grito pela liberdade tão difícil de ser conquistada.
Hoje, em pleno século 21, o vestuário feminino ainda é usado para justificar assédios, estupros e violência, numa sociedade que  tenta se sustentar sobre uma atitude machista.
Minissaia, queima de sutiãs, direito ao voto, ocupação profissional e tantos outros movimentos, ainda não foi suficiente para garantir às mulheres tratamento democraticamente respeitoso, pelo valor que elas possuem na garantia da manutenção e sobrevivência da humanidade.
Edison Borba
           

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