Uma
peça do vestuário feminino, que já sofreu e ainda irá sofrer modificações. Já foi
comprida, com calda, com babados,
combinando com a blusa e rendada como as das baianas que no carnaval giram
embelezando a avenida dos desfiles.
Saias
coloridas, tipo de balão ou as justas, como as usadas pelas pin-up-girls, as rodadas, as longas, as de material
sintético, as de couro, as saias franzidas e as de cor azul marinho e
pregueadas dos uniformes das normalistas.
Saudade
da Grace Kelly, desfilando com uma saia levíssima, que a fez flutuar no filme
“Ladrão de Casaca”. Uma imagem inesquecível de uma deusa de Holywood.
As
retas ou assimétricas são símbolos de feminilidade. As plissadas são lindas. De cintura alta são
elegantes. Usadas para cobrir as pernas femininas, muitas vezes fazem os homens
imaginar e sonhar com os segredos escondidos pela mais feminina peça do
vestuário.
As
elegantes saias arrastando-se pelos salões durante a “belle èpoque”, tornando
ainda mais encantadoras as figuras
femininas apertadas em espartilhos.
Um dia, Mary Quant, uma estilista britânica, lançou mão de uma
tesoura e encurtou-as transformando-as num pequeno pedaço de tecido deixando à
mostra o que tanto tempo foi ocultado.
Sem medo e sem preconceitos surgia a minissaia, algumas com apenas 30 cm de
comprimento, se completavam com as botas, mantendo a elegância.
Eram
anos sessenta, período para os brasileiros, marcado pelo chumbo, pela força,
pela censura e pelo medo. As minissaias foram um alento nos dias de cinzas, que
juntamente com os Beatles, ajudou a deixar atmosfera mais amena nas ditaduras
sulamericanas.
Como um “fog” londrino, os Beatles e as
minissaias espalharam-se pelo mundo mudando costumes e alterando regras.
“Desvestindo” as mulheres revolucionou os costumes e os padrões sociais.
Ao
som de “Hey Jude”, “Let It Be” e “Yesterday”, as meninas e suas minissaias
mudaram o mundo, dando mais força para a mulher, como aconteceu quando elas
conseguiram o direito ao voto.
As
pernas, tão escondidas estavam agora à mostra e com elas também foram
descortinadas outras possibilidades para o mundo feminino, era mais um grito
pela liberdade tão difícil de ser conquistada.
Hoje,
em pleno século 21, o vestuário feminino ainda é usado para justificar
assédios, estupros e violência, numa sociedade que tenta se sustentar sobre uma atitude machista.
Minissaia,
queima de sutiãs, direito ao voto, ocupação profissional e tantos outros
movimentos, ainda não foi suficiente para garantir às mulheres tratamento
democraticamente respeitoso, pelo valor que elas possuem na garantia da
manutenção e sobrevivência da humanidade.
Edison
Borba
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