sexta-feira, 4 de abril de 2014

DESPEDIDA

Quando a morte vier levando-me para o julgamento final
Espero ser verdadeiro e leal, contando tudo, que aconteceu comigo.

Quero falar da liberdade, da vontade de viver como um pássaro,
Voando alto pelo horizonte, buscando o que houvera mais distante,

Na esperança de nunca encontrar, só para continuar a voar.
Não posso deixar de contar sobre paixões, muitas, diversas milhões.

Algumas  se tornaram desventura, outras apenas saudade
E poucas foram feitas de felicidade.

Quando aos anjos tiver que revelar, tristezas e alegrias,
Não sei das que mais gozei um dia, se prazeres ou agonias,

Se júbilos e orgias,  lamentos e fantasias.
Talvez eu nada tenha pra dizer. Talvez eu tenha medo de contar.

Talvez eu tenha que calar,  apenas para não deixar julgar o que já foi feito,
E não podendo ser desfeito em nada adianta explicar.  

Sei que ao morrer logo me esquecem, e que ninguém mais haverá de procurar,
O que de mim ainda restou no mundo, se fui santo ou apenas vagabundo,

Em esquecimento logo cairá, se desfazendo ao longo do tempo.
Que minhas cinzas o vento levará.

Se  vivo estou, sou velas acesas, mas a morte apaga as labaredas, extingue o fogo
E tudo vira escuridão, nada mais havendo a fazer, então, é melhor calar e nada dizer.

Não haverá o tal julgamento, nem a ponte para cruzar o rio,
Me deixarei levar em paz sem riso, vou seguro de que fiz o que foi preciso

Mesmo não sendo preciso no que  fiz. Mas sei que fiz porque foi preciso.
Esqueçam-me, peço-lhes,  por favor, não quero mais agrados receber

Sigo em paz pro meu final juízo, seja inferno, purgatório ou paraíso.

Edison Borba

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