Calei, fiz votos de silêncio, jurei nunca mais
olhar o passado.
Resolvi caminhar sozinho, levando apenas a minha
dor.
Sem pó, sem dó, sem pílulas, anestesiado pelo
desencanto.
Sem deixar que percebam, não digo palavras, não
digo verdades.
Mentir. Tornei-me mentiroso, mas minto verdades em
que acredito.
Digo e repito para mim, verdadeiras mentiras,
mentiras verdadeiras.
Escrevo, leio, repito, faço versos, invento
histórias de verdade,
Que ficarão guardadas em livro exposto em vitrines
iluminadas
Causando inveja nas verdades outras que não sendo
mentiras
Não são tão verdadeiras quanto as minhas
inverdades.
Como aranhas que pescam insetos em suas redes,
Prendo palavras em teias de papel, onde escrevo, em
línguas outras,
Que não entendo, que não fazem sentido, que não são sentidas.
São apenas para ser lidas, relidas, revistas e
olhadas sem ser vistas.
O que deixei para trás no dia em que a mulher de
sal, virou pedra.
Eu tornei-me um desconhecido, nem reconhecido por
mim.
E se eu vier morrer
neste momento, estarei feliz assistindo o evento.
No funeral eu
irei, flores vou colocar sobre o
corpo do mentiroso
Que morreu e ainda vive, pelas mentiras, que o
sustentam mesmo que inerte,
Uma carcaça vazia, sem carne sem alma. Um homem que caiu em desgraça,
Perdeu a graça, virou objeto que nem os insetos
irão reconhecer e querer,
Deixando-o sozinho apodrecendo em silêncio, amargando
as mentiras,
De uma vida vazia, imoral misteriosa e escandalosa,
chocante e errante,
Que nunca foi desvendada porque era somente
mentira,
Como a mulher de sal que virou pedra e sumiu porque
era miragem e nunca existiu.
Edison Borba
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