sexta-feira, 25 de abril de 2014

O SONHO DE GERALDA

         Brasileira, nascida há mais de cem anos, na pequena cidade de Trindade em Goiás, Geralda, cresceu nos campos, trabalhando como agricultora. Tornou-se uma bela jovem e sua vida  continuou nas paragens de Goiás. Sempre feliz e  pronta para trabalhar,  plantou e colheu a riqueza do seu país. O tempo passando e a jovem, transformando-se em mulher que mesmo com as mãos calejadas, continuava as suas tarefas. Era uma linda sensação semear e ver a germinação e o crescimento das plantas. Olhar os campos e ver tudo verdinho, como cantou o poeta Milton Nascimento, era só felicidade. A época da colheita trazia alegria para ela e todos os seus companheiros que através de  trabalho  garantiam a riqueza das cidades “grandes”.
 
     O tempo passando e Geralda sonhando com um futuro promissor.
Apesar das dificuldades, ela conseguiu ter uma pequena casa, onde passou grandes momentos de sua vida. Porém, esta moradia, que foi seu lar por muitos anos, sofreu com o tempo e envelhecida, teve que ser abandonada. Paredes rachadas ameaçavam a vida de sua dona.
Como cidadã honesta e cumpridora de seus deveres para com o seu país, ela contribuiu para o governo e na data prevista aposentou-se com a simples importância de meio salário mínimo.
(Para que esta história não se perca apenas em palavras, vamos imaginar o que é a metade de um salário, que já é considerado mínimo).
Foto: Idosa lutou 23 anos para conseguir complemento da aposentadoria em GO: http://glo.bo/1hs0NPtDevota de Nossa Senhora de Aparecida, e acreditando na justiça de Deus e também na dos “Juízes” da terra,  sabendo que tinha direitos de ter uma melhoria salarial, juntou-se a outros aposentados e solicitou ao governo no ano de 1991 a revisão de sua aposentadoria.
Após 23 anos de espera, o processo chegou ao final, e Dona Geralda, ganhou o direito de ter seu salário revisado além de  receber dez mil reais correspondentes ao tempo em que esperou que o processo terminasse. A importância  ainda não foi entregue à Dona Geralda, que,  sonha em recuperar voltar a morar na sua antiga casa.
Enquanto espera que a justiça se faça e ela possa receber seus dez mil reais, ela revela com palavras simples o seu grande sonho:
     “Tenho um amor naquela casa. Pra mim não existe outra casa. Quero morrer lá”.

Em homenagem a GERALDA BENEDITA MORAIS, ex-trabalhadora rural, 107 anos de vida dedicada ao seu país – Brasil.
                              Edison Borba

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