domingo, 6 de abril de 2014

JOSÉ WILKER - ÚLTIMO ATO!

         As luzes se apagam, fecham-se as cortinas e o espetáculo termina. A plateia aplaude freneticamente, e o ator vem à cena para agradecer o carinho do público, José Wilker encerrou sua última apresentação no teatro Terra, com a peça “A História de um Homem”.
Sua carreira foi brilhante e aplausos muitos, sempre que as  cortinas fechavam-se anunciando a última cena de  “Antígona”, “O Arquiteto e o Imperador da Assíria”,   “Hoje é dia de Rock” e ao lado de Teresa Raquel,  o espetáculo teatral “A Mãe”, o público o aplaudia freneticamente.
Estas e muitas outras histórias, Wilker viveu nos palcos, dando vida a personagens de vários tipos, mas com tanta realidade que ele se anulava deixando que a interpretação fosse além de sua própria vida.
No cinema, até hoje o Lorde Cigano, vive na imaginação dos espectadores, ao lado do Homem da Capa Preta. Das telonas para as telinhas das televisões, o talento era o mesmo. Roque Santeiro, Gabriela e tantas outras novelas marcaram sua presença nos lares do Brasil e de todo o mundo.
Aos poucos o cenário artístico brasileiro vem empobrecendo de grandes astros. Nomes importantes estão sendo apagados dos letreiros e a ribalta se entristece.
Sérgio Britto, Paulo Goulart e agora José Wilker são três talentosos atores, que não se limitaram a representar, eles além do palco, foram cidadãos capazes de interferir na vida do país através da arte. Homens talentosos e inteligentes, cada um com um estilo especial de representar, caminharam por diversos palcos do teatro, cinema e televisão. Suas atuações iam além dos personagens, ganhavam vida esse tornavam gente como a gente.
Abençoados pelos deuses da dramaturgia, eles transformavam seus papeis em histórias tão verdadeiras que transformavam o povo em coadjuvantes das histórias.
Outros grandes atores também seguiram para  outra dimensão, como Paulo Gracindo, Raul Cortez e Paulo Autran deixando nossos palcos vazios e sem substituição. Com a morte de Sergio Britto, Paulo Goulart  e José Wilker  a lacuna torna-se muito grande. Estamos vivendo uma crise de talentos, de inteligências, de trabalhadores teatrais que não sejam apenas um rosto bonito e um corpo malhado, mas cidadãos, que através da arte de representar, “representem” seu povo. Estamos carentes de vozes que falem pelos brasileiros. Precisamos que a arte vá além de simples entretenimento e seja também um veículo da manifestação política e social das necessidades e vontades de um país.
Hoje, com a morte de José Wilker, o Brasil fica um pouco mais pobre. Cala-se um homem ator, que emprestou sua voz, seu corpo e sua inteligência, para divertir, informar e educar. Também foi através das suas interpretações que nos momentos complicados da política brasileira, a população se fez  ouvir.
Que os jovens “atores”, percebam que além das academias também é necessário estudar, ler, acompanhar os acontecimentos do seu país. Não basta sair bem na foto e ganhar um bom cachê, é preciso estar atento ao que acontece ao seu redor e viver com “verdade” o seu papel na vida e no teatro. Somente assim, estarão honrando a profissão que escolheram.
Para os grandes atores, a morte não encerra  suas carreiras; suas atuações, falas, cenas e atitudes como cidadãos, continuarão pela eternidade e ajudarão a contar a história da humanidade.
Edison Borba    
 

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