sábado, 5 de março de 2016

DESABAFO!


Atualmente,
Não sou de direita nem sou da esquerda
Sou apenas um trabalhador!
Cheguei aos setenta, como professor
Lutando e sonhando por uma Pátria melhor!
Meu pai – açougueiro
Minha mãe – lavadeira
Somos do povo, somos trabalhadores!
Fiz greve, lutei em passeatas andei
Sonhei que um dia, minha Pátria querida
Ao mudar de sistema, não seria ferida
Me vesti de vermelho, a estrela usei
Pensei no Getúlio, no Dutra também!
Do Jango gostava e por ele lutei
Eu sei muito bem, o que é ir ao DOPS
E ser humilhado como cidadão
Mas um dia a estrela no poder chegou!
Sai pelas ruas cantando e dançando
E também chorando de tanta emoção.
Pensei! A hora chegou, estou no poder
Sou trabalhador, serei respeitado
Como professor, serei acatado
Minha Pátria querida, que eu tanto amo
Será libertada! Adeus desenganos!
Passada a euforia das urnas vencidas
Percebi tristemente:  fui enganado!
Escândalos, piadas, dinheiro perdido
Viagens, passeios, loucuras em palácio
Meus sonhos vendidos – País corrompido!
Mas sou sonhador e trabalhador
E fui me alegrando com as pequenas conquistas
O tempo passando e tudo ficando
Do mesmo jeitinho, como conta a História
Cabide de empregos, poder na folia
O povo enganado por novas mentiras
Discursos inflamados
História corrompida
Fora tortura! Adeus ditadura!
Os tempos são novos!
Novos? Que novos!
Novas formas e fórmulas de enganação
Implantou-se aqui, no meu Brasil
Na minha Pátria, por quem tanto lutei
A tal da corrupção!
Ela já existia, todo mundo sabia
Desde Cabral, que essa é a forma
Uma fórmula bem torta de gerir a Nação
Mentiras, desmandos e corrupção
Ninguém mais se importa de roubar claramente
Clara! Mente! Mente clara que mente pra gente!
E agora José?
Quem sou eu de verdade?
Não sou de direita! Não sou de esquerda!
Mas sei que o país está dividido
Irmãos contra irmãos
Todos defendem, sei lá ... sei lá ...
Como disse Vinicius: “a vida tem sempre razão”
Eu vou calar! Eu vou chorar!
Só não vou lamentar das lutas que enfrentei
E dos sonhos que sonhei
Muito mais eu teria para contar
Eu tenho até medo de continuar
Eu quero apenas nesta hora difícil
Deixar um recado ao povo “partido”
Pelos muitos partidos que tem no Brasil
Não percamos a esperança
Não vamos sair desta dança
Eu hoje acordei, querendo chorar
Mas optei por DESABAFAR!
Edison Borba – Professor desde 1968, ainda em sala de aula!
 

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