quarta-feira, 3 de maio de 2017

DIA DO SERTANEJO - Inezita Barroso - UM SERTÃO VIRANDO MAR!



Vivendo na caatinga, um ambiente castigado pela escassez de chuvas e aridez, o sertanejo é um bravo homem da terra. Poucas civilizações no mundo conseguiriam alcançar o feito dessa gente corajosa. O sertão, com seus ventos bíblicos, calmarias pesadas e noites frias, impressiona. Quando a chuva chega no sertão, tudo fica verdinho, e o sertanejo orgulha-se de sua terra, voltando plantar e colher e a fincar “pé” em seu paraíso, seu Lar, correndo contra o tempo e a lenda de que um dia O SERTÃO VAI VIRAR MAR (do livro POEIRA - Oficina de Editores / 2015 - Autor: EDISON BORBA)
O SERTÃO VAI VIRAR MAR
Terra seca, gado morto, sol forte. Gente guerreira. Homens trabalhadores
Mulheres rezadeiras. Nordeste, estiagem, emergência.
Clima cruel. Vida difícil. Promessas fáceis. Sertão. Sertanejo.
Baianos. Alagoanos. Sergipanos. Migrantes seguem o ciclo da água
Piauí, Ceará e Paraíba – tudo seco.
Rostos molhados de suor e lágrimas.
É a natureza cobrando tributo. Queimando os campos. Espantando a chuva
Escondendo a água. Matando de sede gado e gente.
É sertão de Antônio Conselheiro, Virgulino, o Lampião. Maria Bonita e Corisco.
É caatinga é manteiga de garrafa.. É sertão de sol a pino
Ressecando todo o chão. Impiedosamente queima toda a bela plantação.
É oração dos peregrinos. Do “Padim Padre Cícero”
Sertão de compromissos não cumpridos, pelas autoridades
De promessas compridas, para pedir pela chuva.
Esperar é condição dos que sobrevivem à seca.
Prosperidade? Brasil, grande nação? Economia renovada?
Computadores! Evolução? Empresários! Inovação?
Terra de grandes valores. Como Suassuna e outros tantos!
Nordestinos, sim senhor! Mas, também tem seus horrores
Da miséria. Desolação.Dos tristes casebres, pau a pique
Barro, poeira e chão. Seca de água e de compaixão.
Sertão!
Dos capitães, das veredas. Da Rosa do Guimarães.
Diadorim Riobnaldo.
Vidas secas. Secas vidas. Gente sobrevivente.
Não tem poça não tem poço.
Não tem nada na panela, nem comida na barriga.
Pé no chão, remela seca. Ressecada pela seca.
Sertão de muitas promessas, dos homens de paletó,
Gravata e bravata! Promete chuva, água fresca,
Muito trabalho e sementes. Os senhores do palácio
Que gostam de discursar
Sertanejo acredita que tudo se transformará.
A justiça será feita pela própria natureza
Afogando os coronéis
É o sertão virando mar!
Edison Borba
 
                                  

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