quinta-feira, 16 de abril de 2015

MORTE NA JANELA.

Mais um dia de outono do mês de abril. Brisa suave entra pelas janelas agitando levemente as cortinas. Claudia, moradora da Comunidade da Maré, no Complexo do Alemão, movida pela vontade de ver o belo dia outonal, se debruça no parapeito de sua janela. Ouve-se barulhos que poderiam ser de fogos de artifício, saldando a jovem senhora. Uma forte dor, sangue, Claudia cai, e se transforma em mais uma vítima de bala perdida.                                          

Hoje, seu nome e foto está nas manchetes dos jornais, ela é a vítima de número 47 a ser atingida por bala perdida no Rio de Janeiro, no ano de 2015. Aprimorando mais a pesquisa, chega-se a conclusão que Cláudia foi a terceira vítima no mês de abril.

Autoridades começaram a discutir, a quem pertence a bala que atingiu a jovem mulher. Será um projétil dos policiais? E se for dos traficantes? Qual facção criminal será a dona desta bala?

Discussões que irão se arrastar por dias e meses e irá se juntar a outras, que ainda não sabem os proprietários das balas que mataram o menino Eduardo, de dez anos, a dona de casa – Elizabeth Alves, além de outras pessoas cujos nomes já não conseguimos lembrar.

Vivemos uma guerra urbana, que deixa claro a situação de violência em que nos encontramos. Confrontos entre as diversas facções de traficantes e destas com a polícia e no centro desta luta o povo, trabalhadores, crianças e mulheres que não vivem o glamour das passarelas e nem a fama dos gramados de futebol. Gente que anda na corda bamba, tentando manter o equilíbrio de viver numa terra de grandes diferenças sociais.

Vamos fechar nossas janelas e deixar do lado de fora as belezas do outono!

A gente não devia, mas se acostuma! Será?

Edison Borba

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