segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A ARTE DA CONTEMPLAÇÃO

           A vida humana é composta de uma infinidade de momentos, alguns tão efêmeros que se apagam numa fração de segundos. A admiração do belo é algo que acontece tão rapidamente, que algumas vezes só nos damos conta do que foi visto, algum tempo depois do acontecido.
Ao assistirmos, os passos de uma bailarina, nos perdemos diante da dimensão da arte da dança.  Os movimentos do balé,  se desfazem  numa pirueta que nunca mais vai se repetir. Quem já assistiu a apresentação de uma obra como o Lago dos Cisnes, sabe que todas as apresentações são diferentes. Cada ato, cada cena, cada passo muda a cada apresentação. O que irá ficar gravado em nossas mentes só poderá ser revisitado, quando num momento de tranquilidade pudermos passear pela nossa memória e voltarmos a contemplar num pequeno segundo a beleza daquele momento vivido na plateia de um teatro.
Quando visitamos um museu e nos deparamos com as grandes obras, ficamos em êxtase diante de um quadro, porém o nosso tempo de captação da imagem, será apenas de alguns segundos. Dura somente enquanto estivermos extasiados diante da obra. O que irá ficar, será impresso em nosso cérebro, para nos deleitar num momento de relaxamento e contemplação quando a bela imagem da pintura se torna realidade em nosso pensamento.
E assim, aos poucos a arte da contemplação vai se enriquecendo e nos tornando pessoas diferentes, mais apuradas, mais lapidadas. É necessário nos presentearmos com momentos de arte para que possamos crescer como seres humanos.

Poder voltar a ouvir os acordes de uma bela melodia, anos depois da audição de um grande pianista, é fortalecer nosso espírito ou a nossa psique, com gotas de arte, que só podem ser sorvidas em momentos de pura contemplação.

Um dos maiores homens na arte contemplativa foi Jesus. Capaz de permanecer  horas sentado sob uma árvore, revisitando através de seus pensamentos a grandiosidade da obra de seu Pai.

Provavelmente a sua natureza divina o permitisse mergulhos tão profundos em seu interior. Quem fica continuamente preso às angústias, as ansiedades e aos estresses sociais, jamais terá o prazer de gozar momentos de tranquilidade e de contemplação. Para essas pessoas o belo nunca irá existir em sua maior dimensão. Diante de uma obra de arte não conseguirão apreciar a leveza do traço do pintor, a elegância dos passos de uma bailarina ou os acordes angelicais de uma sonata.  

O homem moderno é capaz de analisar partículas atômicas, manobrar complicadas máquinas e digitar numa grande velocidade, seus  micro, computadores, porém não consegue um segundo de concentração para compreender a sua própria existência. Ele conhece os aparelhos e se desconhece como pessoa. É capaz de deixar penetrar em seu cérebro,  uma infinidade de sons, mas não consegue relaxar e permitir que todo o seu corpo vibre equilibradamente, num momento de total entrega do seu ser na arte da contemplação.

A inteligência e o equilíbrio do Homem de Nazaré, o permitia ser eloquente sobre qualquer assunto que abordasse. Essa capacidade e lucidez vinham de todo o seu organismo, através das vibrações uníssonas dos seus órgãos. Ele conseguia emanar conhecimentos, armazenados e depurados através da contemplação.

Apesar da arte contemplativa, ser vista como algo especialmente difícil e só sendo conseguida por pessoas especiais, vale a pena, tentar diariamente, buscar este caminho. Basta silenciar por alguns segundos e voltar os pensamentos para algo que nos transmita paz e harmonia. Mesmo que seja apenas por uma fração de segundos, este momento contemplativo será responsável por obtermos uma grande paz interior.

Vale  tentar!

Edison Borba

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