quarta-feira, 19 de novembro de 2014

CALENDÁRIO x PRECONCEITO

Houve um tempo que as escolas e a sociedade preocupavam-se com datas cívicas, como dia da descoberta  e Independência do Brasil, Tiradentes, assinatura da Lei Áurea entre outras. Atualmente, essas datas apenas são lembradas quando o dia corresponde a um feriado, com o final de semana “esticado”, nestes casos, comemora-se apenas o descanso, mas o significado da data, somente os calendários é que assinalam, colocando o número do dia em vermelho.


As datas cívicas  foram atingidas pelo preconceito, caiu em desuso, não faz parte da grade curricular dos colégios, não “cai” nas provas do ENEM e de nenhum vestibular. Aos poucos, perdemos referenciais,  importantes para a formação da cidadania.
No mês de novembro, dia 15, deveria ter sido lembrado, como a data da Proclamação da República Brasileira. Apesar da política democrática do Brasil estar adoentada, o dia existe em nossa História. Dezenove de novembro é dedicado à Bandeira Nacional, um dos símbolos da Pátria, e que durante os jogos da Copa do Mundo de Futebol, é vista pendurada nas fachadas dos prédios e janelas, além de aparecer também enrolada nos corpos suados dos torcedores. Dia 20 em algumas cidades e estados brasileiros, reverencia-se com feriado, o guerreiro Zumbi dos Palmares, o patrono da Consciência Negra no Brasil. Algumas manifestações são realizadas, para que a escravidão brasileira não seja esquecida e que as atitudes preconceituosas existentes até os dias de hoje, sejam denunciadas e punidas por severas Leis.
Particularmente, eu acredito que as datas marcantes da História de um povo, não podem  ficar em gavetas e deixadas de lado nas programações escolares. Não podemos apagar da nossa memória, fatos, personagens e lugares que foram marcantes no passado  que ajudam a entender o presente e planejar o futuro. Infelizmente, a mídia nacional, não se preocupa em divulgar, informar e estimular o reconhecimento que estas datas têm para a nossa Pátria.
Lembrar Zumbi, o guerreiro negro, é abrir espaço para  se discutir e encontrar meios que consigam minimizar a discriminação que teima em existir em nosso país. Ainda existem muitas conquistas a serem feitas; ser negro brasileiro é não ter espaço em comerciais; na arte teatral, seus personagens serão de subalternos ou bandidos;  ter dificuldades nos restaurantes e lojas, viver provando à polícia que ser negro não significa ser desocupado, traficante, bandido ou ladrão.
A discriminação racial no Brasil é uma ferida que não cicatriza, há sempre alguém para fazer sangrar e manter a chaga aberta.
Muito já avançamos, espaços foram  abertos e respeito conquistado, porém ainda há muito o que fazer. Os percentuais continuam apontando para a situação de inferioridade do negro na sociedade brasileira. A luta é árdua, contínua e diária e tem que acontecer em diversos campos de batalha. A memória de Zumbi dos Palmares tem que continuar viva, lembrando todos os dias, a todos os cidadãos brasileiros que o dia da Consciência Negra, não é só uma data no calendário, mas uma força que mantém acesa a chama da igualdade social.
Edison Borba

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