sexta-feira, 21 de novembro de 2014

DOIS FILHOS CHAMADOS JOÃO

Quinta – feira, dia 20 de novembro de 2014, na Rua Ribeiro de Almeida, no bairro Barreto, Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, morreu o engenheiro João Gabriel Lima da Frota Machado Macedo, de 29 anos. Os assaltantes levaram seu carro, sua vida e mais um filho de uma mulher, que em 2007, também teve outro filho, outro João, o João Guilherme assassinado, por criminosos durante um assalto.
Impossível imaginar o que se passa no coração de uma mulher, mãe, que num espaço de sete anos perde dois filhos, da mesma forma. Neste período, entre 2007 e 2014, muitas outras mulheres perderam  filhos, vítimas da violência que assola nosso país.
Enquanto os familiares do engenheiro choravam a sua morte em Niterói, no Complexo do Alemão, comunidade considerada pacificada, acontecia um confronto entre bandidos e policiais, deixando um  rastro de sangue com policiais feridos e um homem morto.
A população do Rio de Janeiro, já está se acostumando a viver no clima de guerra urbana, da mesma forma que povos de outros países continuam a suas rotinas, mesmo com explosões de bombas acontecendo ao seu redor.
Infelizmente, estamos sempre repetindo as mesmas notícias: morreu vítima de bala perdida, foi atingido por um projétil, baleado morreu no hospital, as aulas foram suspensas, o comércio fechou e mesmo assim senhoras saem para as compras, trabalhadores seguem rumo as suas oficinas numa rotina constante, como um moinho que vagarosamente tritura os grãos de trigo.
Os mortos são aplaudidos durante o enterro, os que sobrevivem aproveitam o dia do velório para marcar uma cartela do Jogo do Bicho, com o número da lápide do falecido e algumas rodadas de chope, para beber o defunto.
A vida segue, corações sangram, os sinos das igrejas já anunciam a chegada do Natal. É melhor esquecer o que passou e começarmos a embrulhar os presentes, antes que uma bala perdida possa furar o pacote.
Edison Borba
 
 
 

 

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