Hoje,
num programa jornalístico de uma emissora de televisão, Ricardo Boechat,
fez uma engraçada e séria observação
sobre o Brasil. Contou ele, durante a realização do telejornal, que um amigo
seu, estrangeiro, afirmou que no Brasil,
ninguém morria de tédio.
Realmente,
aqui no solo da Terra de Santa Cruz, todo amanhecer é recheado de novidades. É comum vermos amontoados de gente, em torno
das bancas de jornal, pessoas havidas pelas manchetes, a cada novo dia. O brasileiro
nunca tem certeza de nada, todos os dias acontecem novos escândalos, novos
preços, novas regras, novas leis, novos presos, novos casamentos, novos
divórcios, novos peitos como silicone, novos bumbuns, novas fofocas, novas
CPIS, novos (antigos) políticos dando novos (antigos) golpes.
Incertezas
diárias até em relação ao tempo: chove, não chove, faz calor e frio tudo ao
mesmo tempo. Neste país a incerteza é uma constante! Desde que inventaram que o
Brasil é o país do futuro, que as novidades, quase sempre ruins, são explicadas
pela procura de um futuro que nunca chega.
Como
afirmou o renomado jornalista, eu também quero um passaporte para a Suécia,
Noruega, Finlândia, Hungria, Holanda, Luxemburgo ou qualquer outro país em que
se morre de tédio.
Os
dias se repetem, numa irritante rotina. O povo dorme e acorda com estabilidade
social e política.
Deve
ser muito ruim morrer de tédio, não sofrer estresse, não aumentar a pressão
arterial, não ter a adrenalina em altas doses no corpo, todos os dias, não se
irritar com o deboche dos políticos, não ter medo de sair às ruas, não conviver
com as cracolândias.
Deve
ser irritantemente tedioso, não ter que conviver com as CPIs, com as pizzas
servidas no senado e na câmara de deputados e vereadores.
E
como deve ser decepcionante ter hospitais que funcionam adequadamente, crianças
frequentando boas escolas e com a estabilidade econômica social.
Eu
prefiro viver aqui, no Brasil e viver estressado, irritado e decepcionado sem
nenhum tédio.
Deve
ser muito ruim morrer de tédio!
Edison
Borba
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