sábado, 12 de dezembro de 2015

AS LÁGRIMAS DO VELHO CHICO!

Enquanto o solo do nordeste arde sob o sol, numa das maiores secas dos últimos anos, as águas do São Francisco, o velho Chico, continuam a encher os cofres de homens e mulheres sem escrúpulos.
Um dos mais importantes cursos de água das Américas, o São Francisco, atravessa cinco estados e banha com suas águas mais de quinhentos municípios. Corre as vezes tranquilo e outras vezes turbulento levando vida por onde passa. Porém, os mais atentos, poderão ver que as águas do Chico também são de lágrimas.
Os homens, alguns homens, invejando a beleza do grande Chico (será de Assis ou de Pádua?) resolveram interferir em seu curso, usando como pretexto, levar as suas águas por outros caminhos, que não os traçados pela natureza.
Fazer a transposição de seu leito, usando como “mote”: acabar com a seca da região nordeste. Seria o milagre dos governos! Presidentes – Deuses, ordenam as águas a mudarem seu curso! Sem pedirem permissão aos Orixás, os malvados impiedosamente sacrificaram diversas espécies animais e vegetais, dizimando variadas biodiversidades.
Os Senhores e Senhoras palacianos, regozijam-se de suas bravatas: vencemos o São Francisco!
O majestoso Chico, o rio da unidade nacional, foi machucado, ferido e transferido sem o seu consentimento.
Passados alguns anos de violência, o velho rio, começa a dar sinais de cansaço, com a diminuição de sua força hídrica. Os homens poderosos, ficaram mais ricos, e o rio mais pobre. A seca continua e a pobreza se mantém firme. Crianças magras, mulheres envelhecidas e homens calejados compõem a paisagem brasileira, lá das “bandas” nordestinas.
Pobre rio! Pobre nordeste! Pobre do pobre! Pobre do rico São Francisco!
Os homens estão mais ricos. As águas evaporaram e se transformaram em dólares e euros que desaguaram nos rios Suiços, provavelmente no Aar, que deve estar mais caudaloso.
E mais uma vez, a vergonha toma conta dos brasileiros trabalhadores. Os faraós devem invejar o Brasil, que é capaz de obras maiores e mais caras que as pirâmides: estrada – transamazônica, que para nada serve; doze arenas para a Copa do Mundo de Futebol, que também não servem para nada, pontes, viadutos, aeroportos, prédios tudo grande enorme, gigantesco como deve ser no País das Maravilhas, que conseguiu construir uma cidade no planalto central para abrigar os escolhidos para reinar sobre tudo e sobre todos.
Choremos junto com o velho Chico. Choremos pelo São Francisco. Quem sabe as lágrimas da população brasileira poderá ajudar no combate à antiga e tradicional seca nordestina.
Edison Borba
 

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