Coloque o
cartão. Digite a senha. Retire o cartão. Sorria você está sendo filmado. Não
ultrapasse a linha amarela. Pare. Ande. Coloque o cinto. Digite a sua senha.
Coloque seu dedo no local indicado. Digite a tecla cancelar. Operação
terminada. Operação cancelada. Lacre o envelope. Coloque o envelope no local
indicado. Digite o número de sua conta. Agência não confere. Digite seu CPF.
Coloque a mão no local indicado. Você não foi reconhecido! Você não existe!
Quem é você? Quem sou eu?
Às vezes
eu nem sei quem sou!
Números,
números e números!
Nasci dia
15, no sexto dia da semana, do quarto mês de um ano cuja soma dos seus
algarismos, forma um número que é igual ao dobro de 9.
Meu
salário tem menos zeros que que eu gostaria que tivesse. Eu que nunca gostei
dos zeros, pois eles foram culpados pelas minhas reprovações, agora sinto falta
deles na minha conta bancária. A cada dia que passa, eu somo e diminuo minha
vida, isto é, somo em idade e diminuo em tempo que ainda tenho para viver. Essa
é uma equação macabra, que eu nunca gostaria de resolver, ela deveria ser como
as paralelas, que nunca se encontram, nem no infinito.
E assim
vou sobrevivendo, passando cartões, digitando senhas, sorrindo para câmeras,
obedecendo às ordens que recebo, de diversas formas e por variados meios.
Eu não
entendo o governo que é do povo, para o povo e feito pelo povo; mas que o povo
nem sabe disso! Creio que não sou inteligente o suficiente para compreender tão
complexo sistema!
Eta, vida
de gado! Eu sou marcado, mas sou feliz!
Edison
Borba
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