sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

REFLEXÕES DE UM PROFESSOR

Escrever faz muito bem para a mim. Creio que é uma forma de extravasar sentimentos. Deixo meus pensamentos fluir sem medo das críticas. Apenas escrevo como se estivesse usando um tranquilizante. Cada texto ou poesia que produzo é como um filho gerado e parido. Às vezes são criaturas lindas e meigas outras vezes são monstruosas, feias e assustadoras. Não sei qual delas se parece mais comigo. Sou um pai cuidadoso, mesmo quando o produto é desagradável, eu o respeito, porque fui o seu criador.
Sou professor por profissão e educador por sedução. Rodei muito por escolas e salas de aula. Errei acertei, tornei a errar e acertar. Jurei não repetir o erro e pequei por ter jurado. Acertei e segui em frente, buscando conviver bem com essa tal “educação”. Vivo com ela faz muitos anos e foi através dela que descobri a vontade de escrever. Essa companheira já me deu momentos de muita alegria e satisfação. Mas, também já me fez sofrer. Muitas vezes me peguei reclamando, me sentindo um bobo por ter passado horas sobre livros estudando, planejando e organizando material pedagógico.
Do meu casamento com a Senhora Educação, muitos filhos foram gerados. Tal como os textos, alguns maravilhosos que aprenderam as lições rapidamente. Seus boletins eram azuis como o céu. Outros não tão perfeitos me exigiram mais atenção, mais tempo, mais trabalho. Eles me desafiavam a cada aula! Obrigavam-me a buscar novas estratégias para guiá-los nos caminhos da aprendizagem. Esses foram como os textos mal escritos que me forçavam a fazer uma releitura, na busca de novas palavras e pontuações. Criatividade, essa era a meta. Fazer de novo, como se fosse novo, aquilo que já não era tão novo.
Ao final de cada ano minha família se renovava. Filhos partiam outros chegavam. Corações repletos de esperanças e sonhos. Eram novos textos a serem decifrados. Foram anos falando, repetindo, ensinando e analisando. Aprovando e reprovando a eles e a mim. Muitas vezes me emocionando. Risos e lágrimas fizeram parte desse mundo.
A cada formatura alegrias e dúvidas. Para onde irão meus filhos? Será que os tinha preparado adequadamente? Teriam lido todos os textos corretamente? Como irão conviver com a diversidade de informações de suas vidas? Conseguirão decifrá-las?
As dúvidas sempre foram minhas companheiras e foram elas que me obrigaram a buscar sempre, alternativas diversificadas, caminhos diferenciados e metodologias criativas. Abençoadas dúvidas, que me impulsionaram na busca de novos territórios pedagógicos.
Vez por outra, reencontro algum filho e fico feliz quando me reconhecem: professor! Alguns até me chamam pelo nome. Lembra de mim? Estive em sua classe! Faz tantos anos! Que saudade! Pergunta dos colegas e às vezes de algo relacionado ao conteúdo que ensinava na ocasião. Nesse momento, vejo que valeu a pena.  Como um texto que foi bem redigido, vejo um adulto que eu ajudei a formar, agora cidadão de bem. Linda recompensa por tantas horas de trabalho e dúvidas. Vejo como ainda sou apaixonado pela Senhora Educação. Com ela gerei muitos cidadãos que estão espalhados pelo mundo.
Educar é bem diferente de construir prédios ou montar carros. São anos e anos de gestação para uma obra que nunca ficará totalmente pronta. É magia. É vida. Gente, exige sensibilidade, cuidado, carinho e amor. Cada vida que passou, e ainda passa pela minha vida, não tem valor que possa ser expresso em dinheiro.
Estou casado com a Senhora Educação há muitos anos, juntos continuamos a produzir textos e a sensibilizar pessoas. Continuo tendo muitas dúvidas que busco decifrar. Ainda estou procurando meu caminho. Buscando novos espaços, analisando possibilidades e assustado diante das diversas metodologias que surgem diariamente.  
Ser professor é sonhar, agir e não desistir! É manter a esperança, de que vale a pena escrever novos textos e ajudar a formar “gente” que acredite no amor e que lute sempre (com ética e moral) por um mundo melhor!                              
Edison Borba

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