sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

QUEM NÃO TEM DINHEIRO CONTA HISTÓRIA

Paulinho Gogó, personagem humorístico da televisão, recomenda: “quem não tem dinheiro conta história”. Há tempos que eu sigo este conselho. Percebi que todos nós temos muitas histórias boas para contar (as ruins eu prefiro “não comentar”).

Cada um de nós, possui um grande acervo de informações, que culturalmente somos levados a não valorizar. Se pararmos por alguns minutos em nossas casas e observarmos o que temos ao nosso redor, vamos encontrar uma infinidade de histórias.

Cada objeto de decoração, móvel, eletro doméstico, roupa e outros quesitos domésticos, chegou até às nossas mãos trazendo fatos, que ao ser lembrados, traduzem pequenas “grandes” histórias.
Aproveito a oportunidade e vou contar, aqui neste espaço, uma historinha, que eu batizei como o título de “Saudade”.
“Desde que ele se foi, minha casa  está mais vazia.   Caminho pelo espaço que era ocupado por ele e só encontro marcas. As paredes, o chão e o   tapete estão impregnados da sua presença. Minhas noites tornaram-se tristes. Assistir filmes ou acompanhar os capítulos da minha novela preferida,  perderam completamente o sentido. Lembro-me de ter deixado nele as marcas do meu corpo.  Foram anos e anos de companheirismo silencioso. Mesmo quando farelos de pão, biscoito ou pingos de café e guaraná o maculavam, ele jamais reclamou.

Agora, sozinho vejo o quanto ele era importante para mim! Sobre ele já derramei meu pranto e no verão deixei marcas de suor que ele sempre exibiu sem nunca reclamar. Mesmo quando eu tentava ocultar sob um pano aqueles vestígios de nossa relação, ele nada dizia.

Quando minha casa era invadida por convidados que se jogavam sobre seu corpo ou até mesmo colocavam os pés sobre ele, sua fidelidade a mim o mantinha firme.

Comecei a perceber o seu sofrimento, ao ouvir gemidos sutis, quando  a faxineira o empurrava de um lado para o outro. Eram seus pés cansados que há muitos anos suportaram o peso de muitas vidas que nele se apoiaram. Mas, meu coração sangrou, quando vi em seu corpo uma ferida aberta, que deixava ver o seu interior. Imaginei o quanto ele deve ter sofrido quando no escuro eu me apoiava nele e muitas vezes até adormecia em seu colo embalado pelo som de minhas músicas preferidas.

Estou contando os dias para o seu retorno. Não vejo à hora de vê-lo chegar trazido pelas mãos dos mesmos homens que o levaram.     Chegará totalmente renovado.    Novas cores, novo enchimento, pés tratados e então reiniciaremos mais uma longa jornada de um doce, amável e feliz relacionamento”.

Obrigado meu SOFÁ! Estou morrendo de saudade!

                                            Edison Borba

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