quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

SEM SAUDOSISMO, MAS COM DOCE SAUDADE!

Queridos amigos! Em especial para minha amiga de infância, Adélia!
Acordei, liguei a televisão para assistir ao jornal da manhã. Assustei-me, pensando que o hoje era o ontem! As notícias sobre a guerra na nossa cidade, se repetiam mais uma vez. Policiais mortos, homens fuzilados, pessoas assaltadas e outros casos que me neguei a ver e ouvir. Rapidamente desliguei o televisor e optei pela música.
Precisei de alguns minutos para me recompor antes de sair para o trabalho!
Bateu saudade mesmo! Saudade, sem saudosismo. Nada de ficar falando: “no meu tempo”. O meu tempo é hoje!
Lembrei dos lençóis branquinhos, estendidos nos varais dos quintais das casas do bairro de Inhaúma, onde nasci e fui criado.  Ouvi, nitidamente os vizinhos dizendo:   Bom dia! Tudo bem? Numa natural cortesia.
Senti o cheiro do café e da manteiga derretendo no pão quentinho, comprado na padaria da esquina.
Revi em meus pensamentos as  pipas  coloridas e suas rabiolas dançando no céu  Lembrei dos cães soltos no quintal! De um quadro com a bandeira do Brasil, que ficava na sala da minha casa, do qual meu pai se orgulhava muito.
Saudade de ouvir  dos meus pais: “Filho, Deus te abençoe!”
Da voz da minha mãe cantando Dalva de Oliveira.
De ir a pé para a escola, sem medo de nada, de mãos dadas com  Adélia, filha de Dona Dora, amiga de minha mãe Josefa.
Na blusa branca dos nossos uniformes haviam  duas letrinhas EP (Escola Pública) bordadas em azul. Estudávamos na Escola Municipal Barão de Macaúbas.
Quanto orgulho! Éramos estudantes da rede pública de ensino!
Lembrei das professoras, bem vestidas, sempre sorridentes, em frente às turmas cantando o Hino Nacional.
Lembrei do jornaleiro, do quitandeiro e do baleiro: que eram amigos das crianças
e não um perigosos vendedores de drogas.
Ah! Lembrei da pipoca. Que delícia! Quentinha vendida na porta dos cinemas
e dos circos. Sem esquecer do algodão doce, que colava nas nossas bochechas.
Que loucura!!! Perdemos tudo isso! Perdemos qualidade de vida!
Tenho pena das nossas crianças e jovens que não podem se deliciar com simples coisas,
as coisas simples e maravilhosas que a vida nos oferecia.
Hoje, temos tantos recursos técnicos e tecnológicas, mas perdemos a paz, a doce paz das cadeiras nas calçadas, dos papos espichados, sem hora de acabar e nem medo de começar.
Sem saudosismo, mas com uma terna saudade eu abraço meus amigos, e Adélia, em especial. Edison
Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2015.

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