segunda-feira, 9 de setembro de 2019

O BEIJO E A BIENAL!

(por) Edison Borba




Em 1960, Nelson Rodrigues, apresenta-nos a uma de suas obras mais polêmicas: "O Beijo No Asfalto". Uma história que poderia passar desapercebida, não fosse o fato do escritor colocar o dedo numa das mais cruéis características da nossa sociedade: o preconceito. Um homem, cidadão comum, que ao atender a um pedido de um outro homem, que ao ser atropelado, antes de morrer, pede a ele apenas um beijo. O que para o trabalhador, casado, que levava uma vida pacata junto com a sua esposa, não passava de um ato de caridade, foi interpretado como crime. Envolvido por uma rede de maledicências e corrupção moral, ele tem a sua vida transformada num inferno. Sua família, sua esposa, a imprensa, a esposa do morto e a população voltam-se contra ele, que é obrigado a fugir e a viver solitário e amedrontado. A vida do trabalhador, sofre uma radical mudança, apenas por entender que ao dar um beijo  atendendo ao pedido de um desconhecido, um moribundo, praticando um ato de caridade e amor, seria a sua condenação. Mais de 50 anos, após a publicação de "O Beijo No Asfalto", a obra de Nelson Rodrigues deve ser revisitada. Tantos anos, tanta modernidade, tanta informação e a alma humana ainda continua carregando o vírus do preconceito, que fica dada vez mais perigoso. Ele, o vírus, está entranhado nos "líderes", naqueles que podem mexer e fazer leis, os modernos "Pilatus", os que podem condenar todo e qualquer cidadão. Em 2019 estão colocando em risco a integridade da nossa sociedade. Quem sobreviver, um dia poderá contar essa triste história.

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