“Rio fez a maior manifestação pela volta das eleições para presidente”
O
ano 1984, o mês abril, o dia era 10, cinco dias antes do meu aniversário. Nesta
época o Brasil ainda vivia sob o peso da ditadura militar. Um ano antes, os
movimentos por um país democrático, já haviam começado, incluindo o encontro da
Praça da Sé em São Paulo. Mas, esse era um dia muito especial, aproximadamente um
milhão de pessoas se reuniu no centro do Rio de Janeiro, espalhados pela
Avenida Presidente Vargas e outras adjacentes, formavam um mar humano, nunca
visto antes no país. Era o maior
encontro humano no Brasil.
A
massa, ordeiramente aguardou, cantou, aplaudiu, agitou bandeiras e manifestou
seu desejo através de gritos de ordem. Ouviram os discursos de vários líderes
políticos brasileiros, aplaudindo, gritando e também silenciando, sempre focado
num só sonho: “eleições para presidente do país”, isto é, “diretas já!”
Artistas
do teatro, música e arte estavam no palanque apoiando o grande movimento, entre
eles, a Musa das Diretas, Fafá de Belém, que ousou cantar e gravar o Hino
Nacional Brasileiro.
No
meio da multidão, havia um professor sonhador, com o rosto coberto por uma
barba escura e no peito um coração ávido por mudanças em seu país. Havia
esperanças de que o Brasil seria totalmente diferente dos outros “Brasis”. Já
havíamos passado por outras formas de governo, antes da ditadura militar e
acreditávamos que a mudança seria a realização de um grande sonho. Porém, após
a morte de Tancredo Neves, o povo percebeu com o passar dos anos que muitos dos
cidadãos que estiveram no palanque naquele dia 10 de abril de 1984, traíram a
confiança do povo trabalhador. Quando assumiram o poder, erraram, traíram,
roubaram, esqueceram as promessas e a
ética foi chutada para bem longe do país.
Eu
estava lá! Eu cantei o hino nacional! Eu sonhei!
Eu
me decepcionei!
Edison
Borba
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