quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

LOUCURA VERBAL

Partir verbo difícil de ser conjugado
Partir e partir para não repartir
Para o sujeito ativo da ação, aquele que vai
E também para o que fica passivo sofrendo
Mas  pode-se conjugar ao contrário
Sofre quem fica e alegra-se quem vai
Partir quebrar o coração de quem fica
Ou será o de quem vai, ou os dois se quebram
E nunca mais irão de juntar!
No  momento da despedida
Conjugado no presente
É dor no peito da gente
No passado é saudade
Sofrida doída a cada lembrança da presença, na ausência
No gerúndio e dor prolongada
Partindo, saindo indo embora
Quebrando destruindo sangrando
Por quanto tempo?
No futuro, é sofrimento previsto
Tu partirás
Quando? Por  que?
Por que queres partir meu coração com a tua partida?
Em qualquer tempo verbal
Em qualquer modalidade
Partir é difícil de viver
Quando eu partir...
Se eu me partisse
É imperfeito é pretérito
Dando a verdadeira dimensão da dor
Ir, partir e se partir quebrar-se por inteiro
Por que tu partiste
Mas no imperativo negativo,  não partas!
É pedido, é implorar para que não haja a separação
Fiques comigo! Não me quebres! Não me deixe!
Se tu partires eu me partirei e morrerei por nosso amor.
Não me ameaces dizendo: quando eu partir!
Não me causes sofrimento antes da hora.
Tu partirás e parte de mim seguirá com você
 E a outra parte se esvairá em lágrimas.
Não te partas e não se aparte de mim
Não me parta com a sua partida
Fique e conjuguemos esse louco verbo!
Juntos, sem pretéritos, gerúndios, imperativos ou indicativos.
Apenas o presente, conjuguemos esse transitivo,
Reflexo, louco,  intrasitivo e intransigente
Verbo da língua portuguesa!

Edison Borba

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