Crianças achadas por balas perdidas
Meninos e meninas de comunidades
Não importa a idade
São mortas sem piedade
Quem matou? Foi a bala!
A bala que se perdeu
A bala que achou
A menina, o menino
A família chora, os pais se desesperam
Todos declinam as qualidades da vítima
Era feliz. Sorridente. Era alegre
Assim declara toda "gente"
Era uma criança contente
Tinha sonhos. Gostava de brincar
De contar estrelinhas ...
Depois da trágica emoção
Todos voltam à razão
Ninguém tem tempo de chorar mais um corpo
É mais um morto para as estatísticas
Seus nomes são esquecidos
E os noticiários colocam a matéria no armário
São tantas as mortes
São tantos os sem sorte
Os que vivem por teimosia
Que se acham com direito a ter alegria ...
As balas perdidas são mensageiras
Dos anjos das trevas.
Elas trazem mensagem
Das autoridades brasileiras
Povo "querido"! Povo amado!
Chorem à vontade
Chorar é de graça. As lágrimas ajudam
A passar a dor. Não se esqueçam de mim
Você trabalhador, é meu amado eleitor!
***Para Ana Carolina, de 8 anos, morta em janeiro de 2020, em Belford Roxo, RJ.
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