sábado, 14 de novembro de 2015

LAMA VERMELHA (poema)

Explosão! Gritos! Lama vermelha!

Avermelhando o solo, os rios e as nascentes
Avermelhando gente, criança, homens e mulheres
Avermelhando olhos dos que choram pelas vidas perdidas

Lama vermelha que se derrama sobre a terra rachada que amolece
Lama que engole a cidade, seu povo, sua história, sua verve
Lama que escorre lentamente marcando seu caminho

Sangrando vidas, sangrando sonhos, sangrando o sagrado
Lama vermelha produzida pelo homens maus
Maus homens que constroem palácios sobre a lama vermelha
Vermelha lama do sangue de todos que ainda estão soterrados

Lama que sepultou um povoado, uma vila, uma cidade
Lama da morte dos que não tiveram o privilégio
De nascerem com a sorte dos ricos, dos nobres
Nasceram pobres, e seu cobertor só pode ser a lama da morte

Explosão! Gritos! Lama vermelha!
Ninguém pode ouvir os lamentos, abafados pela explosão dos risos
E do tilintar dos copos, dos homens ricos, que bebem e comemoram
A explosão da lama vermelha, que se espalhou sobre os que andam a pé
Pelas estradas agora pantanosas, sem água fresca, sem o verde das campinas
A estrada vermelha de lama, iluminada pela fria lua branca
Que teima em pratear os rostos pranteados, molhados pela vermelha lama vermelha.

Edison Borba

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