sábado, 21 de janeiro de 2012

ABANDONO?

Jonas, mais  uma vez, sentado à mesa de um bar, chora as dores do abandono. Agora, homem maduro, bebe a perda de mais um amor. Um homem cujas atitudes, fizeram com que sempre fosse admirado e apontado como líder. No trabalho, seu dinamismo empolgava seus companheiros. Otimista, alegre, criativo, envolvente e  bom ouvinte. Em seu escritório, podia-se contar nos dedos os que ainda não tiveram a oportunidade de solicitar conselhos a ele. Um vencedor e aparentemente realizado. Essa era a imagem que todos os seus amigos faziam de Jonas.
Porém, havia algo complexo em sua vida particular. Em seus relacionamentos, ele sempre fora abandonado. Nunca partiu dele a iniciativa de terminar um caso. Desde jovem que esse fato se repetia. Agora, na maturidade de sua vida, sessenta anos, mais uma vez, ele estava sendo abandonado. O fato que mais o intrigava era os “términos” dos relacionamentos acontecerem sem nenhum sinal, isto é, não houve brigas e discussões preparatórias para o desenlace. Simplesmente, um dia, a parceria terminava, com um simples adeus. E todo o seu investimento, passava para  outro. Era como que ele servisse de “preparatório” para o vestibular do amor. Ele o mestre preparando alunos para uma bem sucedida aprovação.
Agora, sentado sozinho naquele bar, Jonas buscava uma resposta para as suas desilusões.
Ponto um – fato: ele sempre foi o abandonado.
Ponto dois – fato: nunca houve brigas preparatórias para o término dos relacionamentos.
Ponto três – fato: suas parcerias partiram, elogiando-o.
Ponto quatro – fato: todos os seus “casos” seguiram em companhia de outro.
Ponto cinco – fato: ele sempre ficava sozinho.
Ponto seis – fato: no relacionamento seguinte ele (Jonas) repetia tudo de novo.
Onde achar respostas para todos os fatos que ele conseguira listar. Lembrou-se que já passara por sofás de analistas, mas apesar do empenho dos profissionais, ele sempre se repetia. Portanto se tornou necessário, que agora, ele mesmo sozinho conseguisse juntar as pedras daquele quebra-cabeça, para tentar mudar a sua história.
Ponto um – fato: ele nunca realizou o seu sonho de ser pai.
Ponto dois – fato: a postura de amante se transformava em “paternalidade”.
Ponto três – fato: excesso de mimo para com a sua companhia (presentes, bombons, flores).
Ponto quatro – fato: a falta de diálogo adulto. Conselhos no lugar de conversa.
Ponto cinco – fato: sua bondade permissiva, deixava  a falsa idéia de que tudo era possível.
Ponto seis – fato: quem partiu não sentiu culpa. Estava apenas cumprindo um final de curso.
Após analisar todos os fatos, Jonas pediu mais uma bebida. Refletiu mais alguns minutos e partiu para mais um relacionamento paternal com “alguém” bem mais jovem que ele, que estava numa das mesas do bar.
Começava naquele momento mais uma história que terminaria em abandono.
Abandono?
Edison Borba

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