terça-feira, 24 de janeiro de 2012

UMA HISTÓRIA FANTÁSTICA

Essa é uma história difícil de acreditar. O próprio nome do personagem  é cheio de ambivalência (tanto em língua portuguesa, quanto em química). Mesmo sabendo que, “quem conta um conto aumenta um ponto”, vale à pena conferir.
Ao terminar a leitura, aconselho reflexão sobre uma questão: - será que é tudo uma invenção do autor ou realmente existem situações semelhantes?
Fico aguardando contatos. Agora é hora de conhecer  a incrível história de Xenônio.
Seu pai era um famoso químico de uma grande empresa multinacional, e sua  mãe, laboratorista do INSS. Dessa união nasceu o menino carinhosamente batizado de Xenônio, nome de um elemento químico de número atômico 54, pertencente à família dos gases nobres, também conhecido como Xênon. Esse nome também foi cogitado para o menino, vencendo por sorteio o primeiro. 
Participaram da escolha do nome aqueles que foram escolhidos para ser seus padrinhos: um casal de bioquímicos de origem alemã, muito conceituado no ramo da farmacologia. Portanto, Xenônio cresceria abençoado pela química orgânica,  a inorgânica e também pela bioquímica.
Xenônio viveu num mundo diferente de qualquer outro menino da sua idade. Sempre envolvido com tubos de ensaio, pipetas, funis, reagentes e corantes, aprendeu desde cedo a dosar, centrifugar e decantar  um sem número de produtos o que para outras crianças só seria possível nos laboratórios escolares. Seus pais e padrinhos se encantavam a cada experiência realizada por Xê, como era carinhosamente tratado por todos.
Cresceu sem ter nenhum problema em manusear substâncias altamente tóxicas e corrosivas. Era capaz de manipular vidros contendo ácidos, álcool, éter, além de outros produtos, com muita firmeza e tranqüilidade. Fazia decantações, aquecimentos de lâminas com raro brilhantismo. Não tinha nenhum problema em colaborar com sua mãe, indo com ela para o laboratório de análises clínicas do INSS, onde ela manuseava urina, escarro, sangue e fezes de pacientes necessitados deste tipo de exames.
Apesar destas características desenvolvidas por Xê no mundo bioquímico, na escola ele era apenas um aluno mediano. Seus pais achavam que seu menino era um injustiçado e por esse motivo trocaram-no várias vezes de colégio. Sendo assim, Xê nunca conseguiu construir um grupo de amigos. Bastava a chegada do boletim escolar com as notas baixas, que seus pais o removiam de colégio.
Xenônio cresceu, terminou o ensino médio como um jovem solitário e, para surpresa de todos que o conheciam, anunciou que não faria vestibular para  Química, como era o esperado. Essa notícia explodiu em sua casa como a bomba atômica sobre Hiroshima. Seus pais e padrinhos não conseguiam entender tamanha loucura.
Depois de tanto empenho e dedicação. Depois de anos e anos imerso no mundo experimental dos laboratórios de química, ele faz uma opção absolutamente inversa a tudo que aprendera. Mas, como pessoas amadurecidas, aceitaram a escolha do filho.
Xenônio ingressou no curso de Direito aos 18 anos e, apesar de não estar matriculado na área da Química,  estava sempre experimentando, criando, inovando o que para muitos dos seus professores era uma grande dor de cabeça. Ele gostava de dosar os saberes, misturar os conhecimentos e obter novas propostas para os assuntos analisados.
Em pouco tempo tornou-se conhecido em toda a área acadêmica. Xenônio era símbolo da revolução universitária em todos os departamentos e cursos. Apesar de continuar um aluno mediano,  era um sucesso no campo das experimentações. Colegas vinham conversar com ele em busca de novos textos, interpretações e aconselhamentos. Xenônio era um grande consultor acadêmico, o que passou a lhe render um lucro extra. Seus atendimentos eram tabelados e seus honorários pagos em “cash”.
Xenônio não terminou seu curso acadêmico. Atualmente podemos saber notícias dele através dos jornais. A polícia vive tentando encontrar o famoso Xê,  responsável pelos mais brilhantes golpes aplicados na rede bancária do país. Comenta-se, pelos corredores, que ele tem ajudado  alguns políticos a manter seus paraísos financeiros muito bem protegidos.
Pense, reflita e responda:
Existirão personagens como esse em todas as sociedades? Em seu país, eles podem ser encontrados?
Fica o desafio!
         Do Livro DOIS EM CRISE – Edison Borba - Editora ALLPRINT / SP – 2010
                                                                                  

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