quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

MUTANTES

Navegando nas ondas da internet, me deparei com "Os Mutantes", em 1969, se apresentando em Paris,
com a música "Caminhante Noturno" (em versão para o inglês).
Naquele momento, diante do vídeo, aproveitando a onda, mergulhei fundo. Atravessei várias décadas
e me senti nos anos sessenta reunido com uma galera incrível.
Chico, Caetano e Gil numa ala masculina. Elis, Nara e Marília no lado feminino.
Pude sentir os acordes de "Domingo no Parque" e me encantar com "Alegria Alegria". À medida que
o vídeo  com   os Mutantes   deslizava diante dos meus olhos, minha cabeça abria espaço para que eu
pudesse ouvir  "O Cantador"   e me encantar e até me sentir "um cantador, cantando a vida e a morte,
cantando o amor".
Muita gente desfilou pelo meu pensamento, se misturando com as imagens do vídeo mutante.
A família Caymmi,  representada    por    Nana,  embevecia a todos com a sua linda voz. Um menino
chamado Edu brincava de cantar e tocar violão.
Outro garoto, mais zangado, o Sérgio, quebrou a viola, deixando uma saudade imensa.
"Quem me dera agora eu tivesse AQUELA viola prá tocar e cantar"e voltar a amar. Andar e marchar
atrás da banda, que Chico tirou dos coretos e levou para as ruas; fazendo a Carolina se juntar a moça
triste e ao homem sério, que parou de contar o dinheiro, só pelo prazer de ouvir uma linda música.
E muitos outros acompanharam a banda, sairam  das praças e liderados pelo Ronnie e Roberto,
apareceram como num "Arrastão" do bem, pulando e cantando alegremente.
A pimentinha segurando a mão da Elza, a Soares, chamou Marília, e a sua turma da medalha.
E foram tantos os que desfilaram. Os meninos MPB4 sempre acompanhados pelas garotas Cy deram
um toque de romantismo juvenil ao desfile.
O Jair disparou. Correu atrás da banda, deixando meu coração acelerado e batendo como um tropel de cavalos.
O vídeo com os Mutantes girando e passando como uma "Roda Viva" me fez lembrar aplausos, vaias, gritos e muita irreverência vividos naqueles anos politicamente difíceis.
Fui tomado por uma vontade de caminhar contra o vento, sem lenço e sem documentos, só por vontade de sentir a brisa em meu rosto. Tentar reencontrar o rei da brincadeira,  o José e o rei da confusão, que ainda deve ser o João e com eles tomar um sorvete no parque.
O vídeo termina. Os Mutantes se calam. O tempo volta ao normal. e uma saudade imensa se achega, como um moinho que gira sem parar ou uma roda gigante que nos leva até o alto para rapidinho nos trazer de volta ao chão.
O tempo rodou rápido, foi só um instante, foi uma linda ilusão que ele levou.
Roda mundo, roda. Roda moinho e pião. Roda meu coração. Roda minha vida.
Roda ... roda ... e ... roda ...
A benção Chico Buarque de Holanda!

Edison Borba

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