sexta-feira, 8 de abril de 2016

ÁGUAS EM MARÇO.


É pau é pedra é a casa no chão
É família soterrada é criança sem pão
É encosta escorrendo matando um irmão...

É lama, é lodo, é desconstrução
É menino chorando é mulher soluçando
É político fugindo
É dinheiro sumindo
É barulho, é entulho é o sonho desfeito
É prefeito imperfeito vereador enganador
São os homens do mau que só causam dor
É São Gonçalo chorando a morte de José
É Maricá, é Friburgo chorando por João
É o Rio de Janeiro, de janeiro a dezembro
Não é só em março que as águas invadem
As ruas as casas escolas e hospitais
É o ano todo, é todo ano
É anos e anos, num tormento sem fim
É tijolo, é telhado é parede no chão
É o rosto em lágrimas e lamentos em vão
É mobília arrastada, é a roupa molhada
É tristeza, é tristeza ninguém tem compaixão
É desabrigado é desalojado é o morto em caixão
É o donativo sumindo dos necessitados
É sem teto amargando grande solidão!
Não tem casa nem lar, agora é só esperar
É pau é pedra para a reconstrução
É a luta, é a urna, é o voto na mão
É tentar renascer para uma nova visão
Sem criança chorando, sem casa desabando
Sem viúvas na rua implorando pelo pão
É pau é pedra ... mas não é o fim do caminho!
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Para todas as vítimas das inundações no Rio de Janeiro, com
a licença do Senhor Antônio Carlos Jobim.
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Edison Borba

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