quarta-feira, 26 de outubro de 2016

ENSINANDO A VIVER

Quando um aluno morre, o retorno às aulas tem que ser planejado para que a turma daquele que morreu, possa continuar a trabalhar. É papel dos professores, da equipe pedagógica e demais autoridades escolares, planejar atividades que possam fazer com que a classe continue a acreditar na vida. A minha primeira experiência neste tipo de situação aconteceu com uma turma da 8ª série, de um colégio particular. Coube a mim e a colega professora de História, comparecermos ao velório, acompanhando os alunos da turma da menina falecida.
Foi uma séria experiência! Como explicar para toda a turma o que havia acontecido. Como estar com eles naquele momento de tristeza. Naquele dia, pude observar a reação dos adolescentes diante do corpo da menina. Alguns choravam, outros agarrados aos professores tentavam se esconder. Eu a colega, ao voltarmos para o colégio, nos dias que se seguiram ao fato, dedicamos algumas aulas a questionar a situação juntamente com os demais professores. Cada um dentro do seu saber contribuiu para apaziguar aquele grupo de jovens. A Diretoria do Colégio foi de grande importância, apoiando o trabalho dos professores.


A morte quando chega à sala de aula leva todos os que trabalham com educação a analisarem os caminhos a seguir, nos dias imediatamente a ocorrência. O nome do aluno na ficha de chamada, a carteira que ficará vaga, a curiosidade dos colegas, a continuação do ano letivo, tudo isso faz parte da arte de ensinar.
Aprendi muito naquele dia!
Infelizmente o fato voltou a acontecer não só com alunos, mas com seus familiares e até com colegas de profissão, que ao partirem deixaram lacunas que precisavam ser preenchidas. Em todas as vezes percebi o quanto a palavra do professor importa nestes momentos. Impossível ficar omisso diante da morte e não trabalhar com os alunos na tarefa de “ensinar a viver”.
Edison Borba

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