quarta-feira, 26 de outubro de 2016

PEDAGOGIA DA MORTE


 

Rio de Janeiro,  Belford Roxo, um bairro da cidade

É menina morta, é bala perdida, é choro e gritos

É mãe lamentando, povo reclamando, é sangue no chão

Em outro lugar da mesma cidade, tiros mais tiros

Escolas fechadas, crianças deitadas no chão da unidade

A aula de hoje, tem como conteúdo a sobrevivência

A menina, a morta chamava-se Daiane, tinha só 15 anos

Chegava em casa voltava da escola, cadernos manchados

É sangue é vermelho de menina brasileira

Daiane não resistiu - Daiane morreu – estudava e sonhava

Com um futuro brilhante, emprego elegante

Ser cidadã, ter documentos e poder votar

Os professores que ensinavam Daiane

Terão que informar aos outros alunos

Como fazer para escapar e não morrer

Como a colega, aquela menina, aplicada aluna

Que se dedicava estudando as “matérias”

E as outras crianças? As deitadas no chão de um CIEP?

Também estão aprendendo, com professores chorando

Ensinando com lágrimas a sobrevivência

Pedagogia da morte, que ensina ter sorte

Escapar com vida da bala perdida.

Edison Borba

 

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