sábado, 13 de julho de 2013

EDUCAÇÃO FINANCEIRA

            É provável, que a origem do homem se confunda com a origem do dinheiro, ou melhor, com o aparecimento de valores e poder. A atitude de reunir bens faz parte da herança humana. O sentimento de poder surge com o ter.
A história se encarrega de narrar  grandes fatos, envolvendo a relação de domínio entre os homens. Os regimes escravocratas estão diretamente relacionados ao poder de compra que os povos têm uns sobre os outros.
Da mesma forma que as nações se dividem através de seus idiomas, as moedas também são elementos de comparação: dólar, real, guarani, dinar, xelim, euro entre outras, possuem significados além do matemático.
Quem compra quem? Dólar compra real? Real compra guarani?
Moeda forte significa país forte. País forte exerce domínio sobre as outras nações. Logo, o valor financeiro determina outros valores.
Outra questão que deve ser levada em conta é a possibilidade de se falar os idiomas, dos países cujas moedas são bem valorizadas no mercado. A    importância de se falar mais de um idioma,  para garantir possibilidades de uma vida melhor, fez com que  as famílias  se preocupassem com o aprendizado de outras línguas.  Porém, não  basta saber falar, é preciso saber pensar, criar e executar. É preciso entender que moeda, idioma e poder estão aliados.
Por que um determinado idioma é tão usado como veículo de comunicação? Que moeda se relaciona com este idioma?
A diversidade de moedas, a importância e a força de cada uma delas, não faz parte dos currículos escolares.
Muitas vezes, se estabelece uma relação maligna com o dinheiro, como sendo coisa ruim.   Os ricos são maus e os pobres são bons. Os ricos não entrarão no céu: “é mais fácil um camelo passar por uma agulha”.
Essa cultura só fez aumentar as diferenças sociais. Enquanto os grandes empresários se preocupam em ensinar, para sua prole, o valor dos seus bens e como proceder para garanti-los na família, a classe trabalhadora inverteu esse saber, negando aos descendentes uma relação benéfica com a moeda.
Nos lares e nas escolas populares, o assunto finanças não faz parte do dia-a-dia. A disciplina matemática arrisca-se a propor  problemas onde o Zezinho compra ou perde laranjas. Os sobreviventes do salário mínimo, talvez por vergonha, negam aos seus filhos uma visão clara do seu poder aquisitivo. Esse comportamento gerou uma sociedade sem a devida noção de valores materiais. Surgiram as dívidas, empréstimos, juros, protestos, crimes, abandonos, extorsão e até mudanças nos valores éticos e morais.
Portanto, trabalhar com educação financeira, tornou-se uma necessidade urgente. É preciso que todos os cidadãos tenham acesso a informações sobre: bancos, cheques, inflação, salários, juros, mercado, débitos, créditos, agiota, compra, venda, bolsa de valores entre outras situações.
Nas escolas, precisamos fazer um trabalho transversal, em que todas as disciplinas, através de seus conteúdos, analisem a importância financeira no nosso dia-a-dia.
Imprescindível que não se perca o foco filosófico da questão, estabelecendo uma relação moral e ética com o uso do dinheiro. O que se pode e o que não se pode comprar através de qualquer que seja a moeda, grana, dinheiro, dólar, euro, guarani, libra ou real.
Quanto custa e quanto vale, é outra questão que não pode ficar de fora das discussões escolares e familiares.
O valor da honestidade e da ética em relação ao dinheiro.
O valor da  produção dos trabalhadores.
A importância de preservar o que é público, sendo de todos é  meu também, e se houver dano, eu também vou pagar a conta.
Comparar as finanças de uma cidade, com as do estado e as que fazem parte de toda a nação. Questionar com crianças e jovens a importância da relação trabalho e dinheiro.  O ter e o ser. O ser não pode ser equiparado ao ter. Os seres humanos devem valer pelo que são como cidadãos e não pelo que possuem materialmente.
Não deixar de analisar o valor afetivo e valor financeiro, muitas vezes essas questões  confundem as relações de compra e venda.
Toda essa gama de informações; precisam estar nas relações escolares e familiares.
Quanto custa para uma família a compra de uma mochila de marca? Como os filhos são educados tendo como referência o salário de seus pais? Que geração está sendo formada, numa nação que estimula o consumismo em detrimento ao consumo consciente? Satisfazer “vontades” familiares: até onde essa atitude pode interferir na formação de um cidadão?
Educação financeira precisa ser colocada em prática imediatamente. Adultos precisam ensinar através de exemplos, para as  crianças e jovens a importância do ser antes do ter.
Todas as famílias e escolas deveriam começar analisar, questões:
O que devo e o que não devo comprar?
A diferença entre gastar e comprar.
Pesquisar antes de comprar.
O necessário e o supérfluo.
Como usar cartão de crédito, cheque especial e empréstimos.
Sensibilizar para o uso consciente.
Gastar com responsabilidade.
Estabelecer metas, focar sonhos, guardar para realizar.
Semanada, mesada: quando começar a dar e como manter o combinado, o que foi contratado entre pais e filhos. Evitar conflitos entre pai, mãe e avós.
Todas essas questões precisam estar no nosso cotidiano, como os antigos cofrinhos que fizeram parte da vida de muitas famílias.
 
Edison Borba

 

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