A sociedade carioca descobriu que os
garis são muito importantes. Homens e mulheres que diariamente cuidam da cidade
como se fosse a casa deles. Recolhe a sujeira de “gente fina”, estudantes,
diplomados e fardados. Cada um de nós, de alguma forma produz e descarta detritos. Um papelzinho de bala, uma “bituca”
de cigarro, um pedacinho de papel até sofás, armários, garrafinhas de água,
computadores e restos de comida jogamos pelas janelas dos nossos carros, casas
e apartamentos, ou então simplesmente deixamos nas ruas e calçadas, certos que
os garis estarão de prontidão para limpar.
E agora José? O que fazer com o “nosso”
lixo? Guardar em nossas pastas, mochilas e bolsas? Também podemos deixar o
nosso “lixinho” na sala de estar ou de jantar!
O protesto dos garis trouxe à tona lixos
que não estão apenas nas ruas, que há muitos anos, está sendo escondido sob os
tapetes dos palácios de governo.
Apesar de todos os incômodos que a
movimentação destes trabalhadores está causando na cidade, antes de jogarmos o
lixo sobre os ombros deles, precisamos refletir sobre a vida dessa classe e da
forma com que são tratados pela sociedade. Salários pequenos e condições de
trabalho, abaixo do desejado. Falta material adequado para sua proteção: luvas,
botas, chapéus e orientações adequadas para que eles saibam como se proteger. Se
hoje estamos com medo do que poderá acontecer com a nossa saúde, há anos a
saúde dos garis está sendo colocada à prova.
Esperamos que as autoridades competentes
saiba como agir. Gritar, blasfemar e ofender. Chamar a polícia e ameaçar sem
dialogar de forma sincera e honesta, não vai levar a uma solução adequada. Uma cidade
que se prepara para receber a Copa do Mundo de Futebol e Olimpíadas, gastando bilhões de reais, que não
cuida adequadamente daqueles que terão como “obrigação” cuidar da limpeza da
casa, é no mínimo um ato de irresponsabilidade.
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