quinta-feira, 6 de março de 2014

DE QUEM É O LIXO? (pergunta que não quer calar)

          A sociedade carioca descobriu que os garis são muito importantes. Homens e mulheres que diariamente cuidam da cidade como se fosse  a casa deles.  Recolhe a sujeira de “gente fina”, estudantes, diplomados e fardados. Cada um de nós, de alguma forma produz e descarta  detritos. Um papelzinho de bala, uma “bituca” de cigarro, um pedacinho de papel até sofás, armários, garrafinhas de água, computadores e restos de comida jogamos pelas janelas dos nossos carros, casas e apartamentos, ou então simplesmente deixamos nas ruas e calçadas, certos que os garis estarão de prontidão para limpar.
E agora José? O que fazer com o “nosso” lixo? Guardar em nossas pastas, mochilas e bolsas? Também podemos deixar o nosso “lixinho” na sala de estar ou de jantar!
O protesto dos garis trouxe à tona lixos que não estão apenas nas ruas, que há muitos anos, está sendo escondido sob os tapetes dos palácios de governo.
Apesar de todos os incômodos que a movimentação destes trabalhadores está causando na cidade, antes de jogarmos o lixo sobre os ombros deles, precisamos refletir sobre a vida dessa classe e da forma com que são tratados pela sociedade. Salários pequenos e condições de trabalho, abaixo do desejado. Falta material adequado para sua proteção: luvas, botas, chapéus e orientações adequadas para que eles saibam como se proteger. Se hoje estamos com medo do que poderá acontecer com a nossa saúde, há anos a saúde dos garis está sendo colocada à prova.
Esperamos que as autoridades competentes saiba como agir. Gritar, blasfemar e ofender. Chamar a polícia e ameaçar sem dialogar de forma sincera e honesta, não vai levar a uma solução adequada. Uma cidade que se prepara para receber a Copa do Mundo de Futebol e  Olimpíadas, gastando bilhões de reais, que não cuida adequadamente daqueles que terão como “obrigação” cuidar da limpeza da casa, é no mínimo um ato de irresponsabilidade.
 Edison Borba

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