Todos os países comemoram suas datas históricas, algumas
importantes pelos benefícios que chegaram para o povo a partir daquele dia,
outras trazem recordações tristes, mas que não podem ser esquecidas, para que
aquele fato não se repita.
Nós brasileiros, também temos as nossas, como 7 de setembro, 13 de
maio, a revolução dos anos 30, o período da Coluna Prestes, 15 de novembro e 31
de março. Cada uma destas e outras datas estão assinaladas nos livros de
História. Os alunos estudam, os professores explicam, fazem questões em provas
e concursos e sabem responder na ponta da língua algumas delas. Porém, o
significado daquele acontecimento no sentido de mudar o estilo de vida, dos
costumes, da essência, da ética e moral de um povo, fica muitas vezes esquecido
nas entrelinhas das páginas dos livros.
Desde os primeiros anos escolares aprendemos quando o Brasil foi
“descoberto”. Descoberto? Como? Por quê? Que consequências este fato trouxe
para os brasileiros, que habitavam esta terra? Estas perguntas, não são
tratadas adequadamente, não se faz reflexões sobre o antes e o depois do fato.
Muitas vezes, no ensino, ficamos presos apenas às datas e nada mais.
Tratados assim, os fatos perdem a essência, e transformam-se apenas em números repetidos pelos alunos sem
nenhuma reflexão.
Outra questão interessante é o destaque que damos a um fato em
detrimento a outros, e assim esquecemos que
as interligações fazem com que todos os
acontecimentos sejam relevantes. Existe uma teia, que envolve os acontecimentos
tornando-os interdependentes.
A chegada do dia 31 de março, causa “euforia” em muitos brasileiros que dizem ter
participado do evento e colocam-se como mártires. Alguns até, já conseguiram
tirar proveito financeiro da situação. Infelizmente, muitos dos que se dizem
participantes da luta pela restauração da democracia no Brasil, hoje cometem
desatinos muito sérios. Quando estes
“mártires” chegam ao poder, suas ações
pérfidas e traidoras, merecem punição tão séria quanto as que devem ser
aplicadas nos torturadores da ditadura.
Torturadores psicológicos e sociais, cidadãos que trocaram o “pau-de-arara”
por crimes sutis e perversos como a
corrupção. Situações hediondas cometidas por grupos ou quadrilhas, que cantam
o Hino Nacional e choram de “amor” pela pátria.
Presidentes, presidentas, senadores, deputados, governadores e
tantos outros que “se exilaram” confortavelmente em outros países, são uma
vergonha para homens e mulheres que
sofreram na pele as forças ditatoriais. Os verdadeiros sobreviventes da “casa
da morte”, devem se sentir humilhados com os aproveitadores que hoje, muitos em
Brasília, gozam de benefícios para
cometerem crimes.
O que temos presenciado nos governos pós-ditadura é uma sequência
de mentiras, contra o povo num processo democrático às avessas, que nos faz
sofrer de vergonha.
O que aprendemos com os anos de ferro? O que aprendemos com os governos
dos militares? O que aprendemos nos porões da ditadura? O que aprendemos com o
desaparecimento de vários brasileiros?
Triste ter que assistir calado, a cara de pau de senhores e
senhoras, que contam bravatas de suas lutas (??!!) contra a ditadura.
Dia 31 de março, vamos ter que ouvir discursos inflamados e
declarações de amor ao Brasil, onde crianças continuam sem escolas, doentes
morrem nos corredores dos hospitais e o povo continua sendo torturado de forma
sutil.
Quadrilha de “mensaleiros” e outros tipos de bandidagem são
resultado da ditadura?
Tortura nunca mais! Nunca
mais? Fome e miséria também são formas de tortura!
Não podemos admitir
torturadores militares e torturadores
civis!
Não podemos aceitar
ditadura militar e ditadura democrática!
Vamos exigir que a história conte a verdade sobre o que
aconteceu antes, durante e o que está acontecendo agora durante os governos democráticos.
Depois da Copa do Mundo de Futebol, haverá eleições, o voto é o
poder do povo, vamos honrar os que realmente morreram pela democracia
brasileira!
Edison Borba (estudante universitário nos anos sessenta)
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