sexta-feira, 14 de março de 2014

GUERRA URBANA

MANCHETE

14/03/2014 01h16- Atualizado em 14/03/2014 09h37

Policial de UPP morre baleado em confronto no Complexo da Penha, Rio. PM era subcomandante da UPP Vila Cruzeiro e foi atingido na testa. Ele é o décimo PM de UPP baleado este ano em área pacificada.

Nossos noticiários abastecem-nos diariamente sobre as crises mundiais, na Rússia, Venezuela, Iraque, Ucrânia e tantas outras que nos emocionam e preocupam. Porém, aqui pertinho da gente está acontecendo uma guerra particular, urbana, caseira e diária. Estado do Rio de Janeiro, e mais precisamente cidade do Rio de Janeiro, o encontro nada amistoso entre traficantes e policiais, a cada dia faz mais vítimas. Hoje, 14 de fevereiro, o dia chegou anunciando a morte de mais um policial. Um tiro na testa matou Acácio, jovem soldado, que morreu cumprindo o seu dever.
Em apenas nos três primeiros meses de 2014, o número de soldados que tombaram na luta entre o bem e o mal já ultrapassou a dez. Lotados nas UPPS (Unidades de Polícia Pacificadora) estes trabalhadores tiveram suas vidas ceifadas violentamente na presença de todos os companheiros de farda.
Haverá mais um enterro solene com salva de tiros, bandeira tremulando no mastro e o toque de clarim. Fim desta solenidade, voltaremos à rotina.
Uma população que assiste a morte daqueles que deveriam ser os seus anjos da guarda, sem dúvida entra em alerta. O perigo está cada vez mais próximo das nossas casas. Nossas famílias não estão seguras em nenhum lugar da cidade e do estado.
Como devemos proceder para salvaguardarmos às nossas vidas?
Condomínios invadidos, casas assaltadas, cidadãos furtados e molestados fazem parte da rotina dos que pagam impostos honestamente. Não há mais distinção entre os bairros, de Ipanema até a Pavuna, do Recreio até Madureira, do Centro até Inhaúma, não há segurança.   As igrejas alteram seus horários de cultos, nas capelas mortuárias os velórios não acontecem mais durante a noite e madrugada. Os passeios noturnos, teatro, cinemas, danceterias devem ser planejados e em grupos. Porém mesmo com todos estes cuidados, os estupros, roubos, latrocínios e furtos acontecem diariamente.
 Creio que problemas desta natureza, também acontecem em Lisboa, Santiago, Madri, Paris, Montevidéu, Bonn, Tóquio, Buenos Aires, Londres, Viena ou em qualquer outra metrópole, porém não deve ser com a mesma intensidade e assiduidade como aqui, no Rio de Janeiro.
Infelizmente, a rotina nos faz acostumar com esse tipo de situação, e  até acreditar que é assim que se vive em todo mundo. Nós brasileiros, que vivemos continentalmente isolados, estamos nos distanciando do que é bom para um país, do que é certo numa democracia, quais valores devem nortear nossos governantes e aos poucos distanciamo-nos da ética.
Criminalidade, pobreza, preconceito, descaso, abandono, má distribuição de renda, insegurança, falta de saneamento básico, educação e saúde de má qualidade entre outros problemas, só existem numa dimensão assustadora em países como o Brasil, em que os governos são egocêntricos e o povo fica do outro lado da estrada, afugentado por rolos de arame farpado.
Lamentamos a morte do Rodrigo, do Wagner, da Alda, do Acácio e de tantos outros soldados que morreram na luta por um país de melhor qualidade.
A eles e aos seus familiares nosso respeito!
                                                                               Edison Borba

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