Certo
dia, um pai levou seu filho, um garoto de oito anos, para visitar um cemitério.
O homem queria mostrar para o menino, o local, conhecido por muitos como “campo
santo”, para que ele, através deste contato pudesse começar a entender o valor
da vida.
Caminhando
pelas alamedas, ele chamava a atenção do filho, para as obras de arte,
traduzidas sob a forma de estátuas em mármore, os grandiosos mausoléus e as
tumbas de diversas categorias. Havia, sem dúvida, naquela visita uma aula sobre
diferentes classes sociais. Ele também mostrava para o garotinho, as inscrições
que enalteciam a pessoa sepultada, dizeres como “ao meu querido amor”, “aqui
está a minha mãezinha”, “um grande e inesquecível homem” e muitas outras frases
mais ou menos eloquentes sobre o falecido.
O menino
manteve-se em silêncio, porém atento às explicações do seu pai. Ouvia, pensava
e nada perguntava como se estivesse apreendendo tudo que escutava.
A visita
continuou com o pai sempre atento e buscando dar ao seu filho todas as
explicações possíveis inclusive sobre símbolos religiosos. Muitas cruzes,
imagens de santos, representações de anjos, Bíblias em bronze, frases de cunho
religioso, velas e tantos outros elementos que deixavam um grande indício, que
aquele lugar estava impregnado de religiosidade, crenças e misticismo.
Os dois
caminharam até o local chamado de ossuário. Parados, diante de uma grande
quantidade de ossos, o menino, falou pela primeira vez: “-Pai, o que é isto?”
Com tranquilidade
o homem, explicou que era os ossos de muitas pessoas, que ao morrerem, tiveram
seus corpos enterrados naquele cemitério. Após algum tempo, as covas são
abertas e o que restou, é retirado, para que haja espaço para outros enterros. Naquele
momento, o homem, chamou a atenção do filho para sobre a finitude
da vida e também para o tempo que os corpos levam para se decompor.
O menino,
mais uma vez, rompeu o silêncio e perguntou: “Papai, aprendi nas aulas do
colégio, que neste cemitério, foi enterrado um famoso rei, que governou nosso
país por muitos anos. Quais são os ossos desse rei?”
Desta
vez, o bom homem titubeou, pigarreou e simplesmente disse: “Não sei!”
Edison
Borba
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