terça-feira, 11 de março de 2014

DIZ QUE FUI POR AI ...

        Antes de nascer eu vivia num lindo lugar chamado limbo. Entre as nuvens eu voava levemente como uma pluma levada pelo vento. Um dia, fui chamado por  voz superior anunciando meu retorno à terra.
Num passe de mágica, fui colocado num lugar escuro, quentinho e aquoso. Passei meses, mergulhado naquela maravilha. Nada fazia, tudo o que precisava chegava mim, via direta. Porém, como tudo que é bom, dura pouco. Um dia fui despertado por grande confusão, em questão de minutos estava numa sala bem iluminada e cheia de gente de roupa branca. Fui colocado no colo de uma mulher que fiquei sabendo chama-se “mãe”. Como era bom  e aconchegante aquele lugar, neste dia aprendi o que era carinho.
Durante meses fiz vários passeios e conheci muitos colos. Porém, mais uma vez esse momento acabou e fui colocado no chão e obrigado a andar por minhas próprias pernas. Aprendi a correr, pular, cair e levantar. Passei um bom tempo solto na vida, eu dançada e fazia “coisas” para umas pessoas grandes, que chamavam “família”, se divertir. Neste dia aprendi o que era felicidade.
Porém, novamente minha vida mudou. Vestiram-me com uma roupa estranha e levaram-me para um lugar, chamado “escola”. Lá aprendi a sentar por horas, ficar calado, responder, obedecer e a marchar. Para tudo que eu quisesse tinha que espera a minha vez, foi então que aprendi a ter paciência.
Essa tal escola acompanhou-me por uma grande parte da minha vida, até que um dia aprendi a fugir e a fingir. Fugia da escola e fingia para a tal família, que havia estada no tal lugar. Descobri como é bom conjugar o verbo divertir.
O tempo passou e um dia descobriram o meu “divertimento” e novamente voltei a caminhar para a escola. Lá se foi o tempo passando até que me entregaram um papel chamado diploma. Apesar da felicidade, senti que meu caminhar seria diferente. Aprendi a cumprir regras e soube de forma prática o que significava “competição”.   Mais uma vez, caminhei sozinho em busca de “um tal” de sucesso.
Andei, mudei, peregrinei, estudei, concorri e um dia colocaram-me nula sala bonita que na porta tinha o meu nome. Neste dia aprendi a ter responsabilidade.    
A vida continuou e numa tarde de chuva, esbarrei meu guarda-chuva marrom num outro guarda-chuva colorido. Meses depois eu e a dona do guarda-chuva colorido, caminhamos até um altar. Neste dia descobri o que era o amor.
A partir daí, nunca mais andei sozinho. A princípio os passos foram aumentando e hoje, caminho feliz com um grupo que aprendi ser a minha família.
Portanto se alguém por mim  perguntar, diga apenas que fui por ai.
Finalmente aprendi a viver!
Edison Borba

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