Antes
de nascer eu vivia num lindo lugar chamado limbo. Entre as nuvens eu voava
levemente como uma pluma levada pelo vento. Um dia, fui chamado por voz superior anunciando meu retorno à terra.
Num
passe de mágica, fui colocado num lugar escuro, quentinho e aquoso. Passei meses,
mergulhado naquela maravilha. Nada fazia, tudo o que precisava chegava mim, via
direta. Porém, como tudo que é bom, dura pouco. Um dia fui despertado por
grande confusão, em questão de minutos estava numa sala bem iluminada e cheia
de gente de roupa branca. Fui colocado no colo de uma mulher que fiquei sabendo
chama-se “mãe”. Como era bom e
aconchegante aquele lugar, neste dia aprendi o que era carinho.
Durante
meses fiz vários passeios e conheci muitos colos. Porém, mais uma vez esse
momento acabou e fui colocado no chão e obrigado a andar por minhas próprias
pernas. Aprendi a correr, pular, cair e levantar. Passei um bom tempo solto na
vida, eu dançada e fazia “coisas” para umas pessoas grandes, que chamavam “família”,
se divertir. Neste dia aprendi o que era felicidade.
Porém,
novamente minha vida mudou. Vestiram-me com uma roupa estranha e levaram-me
para um lugar, chamado “escola”. Lá aprendi a sentar por horas, ficar calado,
responder, obedecer e a marchar. Para tudo que eu quisesse tinha que espera a
minha vez, foi então que aprendi a ter paciência.
Essa
tal escola acompanhou-me por uma grande parte da minha vida, até que um dia
aprendi a fugir e a fingir. Fugia da escola e fingia para a tal família, que
havia estada no tal lugar. Descobri como é bom conjugar o verbo divertir.
O tempo
passou e um dia descobriram o meu “divertimento” e novamente voltei a caminhar
para a escola. Lá se foi o tempo passando até que me entregaram um papel
chamado diploma. Apesar da felicidade, senti que meu caminhar seria diferente. Aprendi
a cumprir regras e soube de forma prática o que significava “competição”. Mais
uma vez, caminhei sozinho em busca de “um tal” de sucesso.
Andei,
mudei, peregrinei, estudei, concorri e um dia colocaram-me nula sala bonita que
na porta tinha o meu nome. Neste dia aprendi a ter responsabilidade.
A vida
continuou e numa tarde de chuva, esbarrei meu guarda-chuva marrom num outro
guarda-chuva colorido. Meses depois eu e a dona do guarda-chuva colorido,
caminhamos até um altar. Neste dia descobri o que era o amor.
A partir
daí, nunca mais andei sozinho. A princípio os passos foram aumentando e hoje,
caminho feliz com um grupo que aprendi ser a minha família.
Portanto
se alguém por mim perguntar, diga apenas
que fui por ai.
Finalmente
aprendi a viver!
Edison
Borba
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