domingo, 5 de março de 2017

PAÍS SOLIDÃO

Enquanto a bela mulher em seu silêncio viveu
Olhos baixos obediente, acatando todos os seus
Ela não incomodava e por isso era tratada
Como qualquer objeto de alguma utilidade...
E assim ela viveu, muitos anos, sem vaidade
Certo dia um acidente, a tirou da escuridão
Um clarão se fez num instante, e a luz ela enxergou
A partir deste momento, a mulher silenciosa
Começou a incomodar, clamando por seus direitos
Apontando os defeitos, de seu carrasco e feitor
Apesar de pequenina, tão frágil era a menina
Já mulher, mas bem franzina, a todos ela assustou
Tanto tempo ela ficara mergulhada no silêncio
Que já haviam pensado que ela já não tinha voz
Acordou do longo sono, acreditando então
Que teria seus direitos devolvidos em sua mão
Mas qual, não foi possível, inventaram uma loucura
Ela que era só brandura, não podia reclamar
Era preciso fazê-la para sempre, silenciar!
E foi assim que a história chegou ao seu trágico fim
A bela e frágil mulher, não resistiu à pressão
E deixou-se levar, desta vez para sempre
Numa longa viagem sem volta, ao país da SOLIDÃO!


 >>>Edison Borba – Em memória as mulheres que são obrigadas a viver e até morrer no silêncio e na solidão.

 

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