sábado, 11 de março de 2017

SEGREDOS DE UMA BOLA BRASILEIRA DE FUTEBOL

(extraído de um diário de uma bola)
Dia: 08 de julho de 2014 - Estádio do Mineirão, Belo Horizonte (MG), Brasil.
Meu diário, boa noite!
As pernas tortas do Garrincha, a força do Pelé, a destreza do Rivelino, a canhota do Gerson, a elegância do Tostão e tantas outras lembranças me trazem uma enorme nostalgia. Zico, meu galinho de Quintino, como ficava feliz quando você me rolava pelo campo do adversário. A galera em delírio me tra...nsformava em rainha. Eu passeando pelo campo, podia sentir as carícias das suas chuteiras. Meu coração acelerava, esperando o chute fatal, que me lançava pelo ar rumo às redes do time adversário. Fotos, gritos, delírios a fama!
Um dia, meu coração quase parou. No frio estádio europeu, conquistamos a copa do mundo. Foi em 1958, num lugar chamado Suécia. Bellini ergueu a taça levando ao delírio milhões de brasileiros. Naquele momento, quase explodi de felicidade.
Passados os anos, eu já não tenho tanto orgulho da minha profissão. Os heróis modernos, estão mais preocupados em manter seus topetes espetados, suas camisas de marca e seus polpudos salários, que gastam em festas com suas namoradas.
Hoje, dia 8 de julho de 2014, saio de campo humilhada, na presença de mais de 50 mil pessoas, só encostei na rede dos adversários, os alemães, uma única vez. Enquanto eles me fizeram entrar na rede do Brasil por sete vezes. Que vergonha!
Eu que ajudei o Brasil a ter grandes conquistas e a promover belos espetáculos, me afasto triste e melancólica lembrando-me de um tempo do futebol arte, que hoje só existe em nossos corações.
 
Edison Borba (em nome de uma bola brasileira de futebol)
 

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