sábado, 3 de setembro de 2011

DRAMAS FAMILIARES

Dizem que família é tudo igual, só muda de endereço. Esses grupos de pessoas aparentadas e de mesmo sangue, pertencentes à mesma linhagem, protagonizam situações hilárias, às vezes tristes e alguns dramalhões. Atualmente, o conceito de família, vem mudando, se adaptando às novas organizações sociais. Casamentos rompidos. Filhos de várias uniões. Uma infinidade de sogras, cunhados, tios, e sobrinhos estão tumultuando os sociólogos. Mas, seja qual for a constituição familiar, os dramas se assemelham. A história de Bruno é parecida com a de muitas outras pessoas, de diversos lugares do mundo. É apenas mais um drama familiar.
Bruno nasceu no subúrbio. Filho de mãe lavadeira e pai operário. Passou a infância, sentido vergonha dos seus pais. Era o irmão mais velho dos  filhos do casal, e sempre gozou de regalias em  casa. Era dele o melhor pedaço de carne, o peito do frango e as frutas mais saborosas. Seus irmãos o odiavam, mas a recíproca também era verdadeira.
Foi nessa atmosfera hostil que ele cresceu. Tornou-se um homem amargo, frio e de poucos amigos. Casou-se com uma jovem educada e meiga.
Os anos se passaram, os filhos vieram e ele nunca demonstrou nenhum sentimento paternal. Sua mulher, sempre subserviente, tentava suprir com  carinhos a pouca atenção que o marido dedicava à família.
Na casa desse homem habitava o silêncio e a tristeza.Seu filho mais velho cresceu transformando-se num belo rapaz, apesar de ser considerado muito tímido. A menina virou uma mulher sem graça, sem vida e sem atrativos. Sempre de olhos baixos. Era o modelo da solidão. O mais moço era o oposto dos irmãos. Gostava de cantar, de dançar, sua presença iluminava o rosto de sua mãe, fazendo-o revelar uma contida alegria, que  teimava em guardar no fundo de sua alma. O pai nunca se deixou contagiar pela magia desse seu filho menor. Muito ao contrário, sempre reclamava quando o ouvia cantando ou rindo de alguma  bobagem.Um dia, sem mais essa ou aquela, transformou-se numa  fera quando ao chegar em casa, encontrou o filho caçula rindo, cantando e dançando com a mãe e os  irmãos. Era um momento único de luz naquela sombria casa. Todos  estavam felizes menos ele. Tomado por uma fúria incontrolável, Bruno pegou o revólver, deu dois tiros e matou o filho.
A polícia o levou algemado. Bruno estava calmo. Havia cumprido seu dever. Em sua mente conturbada, ele estabelecera  a ordem em sua casa.
                  Do Livro – DOIS EM CRISE – Edison Borba – Editora All Print



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