sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O TRÁGICO FIM DAS ESCOLAS NORMAIS

A história das Escolas Normais, ou Escolas de Formação de Professores, faz parte  da história da mulher brasileira. A democratização do ensino feminino passa pelas Escolas Normais. A emancipação da mulher com a possibilidade de buscar cursos universitários tem nas escolas normais, um trampolim. A partir da conclusão do magistério,  uma jovem podia sonhar com maior liberdade profissional e social.
Foi Niterói, cidade do Rio de janeiro, que em 1831 fundou-se a primeira Escola Normal brasileira. A partir dessa data, outras foram criadas em diversos estados do Brasil. Nas décadas de 40, 50 e 60 essas escolas tiveram um papel fundamental na formação dos quadros de professores para o antigo ensino primário. Durante muitos anos, as Escolas Normais eram exclusivamente dedicadas às mulheres. As jovens com o tradicional uniforme azul e branco, só podiam casar, após o término do curso. Outra interessante situação está relacionada à carreira profissional, toda menina que conseguisse ser aprovada para o curso normal, em uma das escolas públicas oficiais, tinham a garantia de nomeação como professora da rede municipal de ensino, no ato de sua formatura.  Jovens de 17 anos transformaram-se em excelentes partidos para os pretendentes ao casamento. Ser aluna de uma das Escolas Normais Oficiais passou a ser  um excelente caminho para toda jovem em busca de emancipação. No Rio de Janeiro, o Instituto de Educação fundado na década de 30, transformou-se numa das mais famosas escolas de formação de professoras para atuarem no antigo ensino primário e alfabetização. Com excelente grade curricular, ministrada por importantes professores e trabalhando com uma disciplina séria, o Instituto de Educação do Rio de Janeiro, foi um exemplo de excelência na formação  professores / alfabetizadores.
Com o passar dos anos e  constantes reformas de ensino, as Escolas Normais  perderam  prestígio e a qualidade do seu ensino tornou-se decadente. Essas famosas escolas foram igualadas aos diversos colégios de ensino médio. Apesar de manter uma grade curricular específica para formar professores, essas unidades de ensino tiveram que se adaptar aos alunos imaturos e mal preparados, que passaram a freqüentar suas classes. Criou-se uma série adicional, que era optativa, para os alunos que terminassem o ciclo de três anos. Mais adiante, o curso passou a ter quatro séries oficiais, e atualmente, ele retoma as suas três séries tradicionais, porém com uma grade curricular diferenciada.
Todas essas complexas mudanças que atingiram as Escolas Normais, não diminuíram a sua importância no panorama da formação de professores. Elas ainda continuam fornecendo material humano para exercer o trabalho nas bases educacionais brasileiras. Portanto, não procede, a Lei que acaba com as Escolas Normais no Brasil. Levar a formação de professores para o Ensino Universitário é absolutamente cruel com as crianças brasileiras. O autor ou autores de tal insanidade esquece que vivemos num país continental, bastante rico em bens naturais e  socialmente pobre. O Brasil não se caracteriza apenas pelas capitais e grandes cidades. É preciso olhar para o interior, onde milhares de brasileiros vivem em extrema miséria. E são nesses lugares que encontramos professores e alfabetizadores atuando heroicamente.  Acabar com o Ensino Normal, é criar um caos na Educação Infantil.
Torna-se necessário, investir nos Cursos de Formação de Professores  e na formação continuada dos Docentes, modernizar  prédios e diversificar  metodologias, estimular  profissionais e manter atualizado o seu conhecimento.
Colocar a formação do professor que vai atuar no ensino infantil na universidade, não vai alterar o triste quadro que já se implantou na educação brasileira. Acabar com as Escolas Normais é um crime contra as nossas crianças. Ainda é tempo de não deixarmos que essa insanidade aconteça!                     Edison Borba

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