quinta-feira, 8 de setembro de 2011

VIVENDO E APRENDENDO


Existem ditados, que aprendemos na infância e  passam a fazer parte da nossa vida. Ajude para ser ajudado e faça o bem sem olhar a quem, são dois bons exemplos. Existem diversos deles, sempre apontando para o espírito de fraternidade. O que a sua mão direita faz, não precisa ser do conhecimento da mão esquerda, deixa bem claro que devemos ajudar ao nosso próximo sem buscarmos recompensa.
Orlando é um bom exemplo de cidadão participativo e capaz de ajudar ao seu semelhante sem, pensar em reconhecimento.
Para ele tudo era um convite ao convívio. Acreditava que o ser humano era essencialmente social. Mas defendia a tese de que estar só era uma situação que todos deviam experimentar. Afirmava:  “ficar sozinho por um tempo é um bom exercício para nos conhecermos melhor”. Mas, Orlando gostava das multidões. Nunca perdia uma passeata, um protesto. Não importava o motivo, ele participava.
Sem dúvida, tratava-se de um homem preocupado com o aprimoramento da sociedade. Defendia  o exercício da paciência e da tolerância.
Orlando acreditava no diálogo. No saber ouvir e no saber calar. Valorizava as pequenas coisas do cotidiano. Acreditava que a felicidade estava bem perto de cada um de nós, no que fazemos diariamente: em casa, no trabalho, numa fila de ônibus ou  num vagão de trem
Todos os dias voltava para casa por diferentes caminhos. Segundo ele, era necessário enriquecermos a nossa história. Porque assim contribuímos para a história da humanidade.
Orlando era um filósofo do povo!
Acreditava que tudo estava interligado, geminado, algemado e acorrentado e que os seres humanos  vivem  simbioticamente.
Todos os dias quando saía para o trabalho, imaginava com quantas pessoas ele poderia se relacionar.
“Quero conhecer mais os meus companheiros, amigos, parentes, vizinhos e colegas. Temos  que nos relacionar  com qualquer  desconhecido”, pensava ele.
Orlando vivia mergulhado num mundo rico em fantasias.  Em qualquer lugar puxava conversa, sobre os mais variados assuntos: sonhos, frustrações, desejos, mistérios da vida. Seus papos eram intermináveis. Era capaz de desenvolver teses sobre o enigma do universo e os mistérios da vida.
Onde  houvesse um acontecimento, lá estava ele. Apartava briga,  participava de qualquer movimento sindical, acreditava que a solidariedade  era o melhor caminho.
Foi numa sexta-feira do mês de novembro, quando escolheu um novo caminho para voltar para casa que Orlando conheceu Dona Severina, uma senhora de mais de oitenta anos  curvada sob o peso de vários pacotes. Agindo sob o impulso da solidariedade, ele pegou o pesado fardo das mãos da velhinha.
A foto de Orlando foi publicada nos jornais de sábado. A polícia  finalmente prendera o cúmplice da vovó traficante. 
                             Do livro DOIS EM CRISE de Edison Borba – Editora All Print / 2010.



Nenhum comentário:

Postar um comentário