quarta-feira, 21 de setembro de 2011

HISTÓRIAS DA VOVÓ

Essa é para quem gosta de usar antigos ditados em suas conversas. Uma história sem pé com cabeça, isto é, uma história de cabeça com pé. Cuidado! Quem avisa amigo é!
Boa leitura. Bom divertimento!
Como dizia minha saudosa avó: - Quem tem telhado de vidro está sempre bronzeado, e gasta muito dinheiro com protetor solar. Porque se não se cuidar, poderá problemas ter, e se isso acontecer, vai chorar e vai sofrer igual bala de goma na boca de desdentado.
Vovó também alertava para outra situação:- Quem cobre o sol com a peneira fica com o corpo pintado. Fica parecendo onça aquelas todas malhadas que a gente pensa que é tigre, pra ela ficar irritada. E como dizia a vovó, não cutuque uma onça com vara comprida e nem curta, se você não tiver sebo pra nas canelas passar, deixando o chão lambuzado para a onça escorregar, cair e se machucar. Mas se você ficar de bobo ela pode te pegar!
Vovó era uma sábia mulher. Ela sabia quase tudo! E sempre nos alertava:
Quem com ferro fere castigo vai receber, desafeto arranjar e também muito sofrer. O castigo andava a pé, depois aprendeu a montar. Cavalgar era o seu lema, quando tinha alguém para ele maltratar.
Hoje o castigo não chega para os que ainda usam ferro pensando em castigar. Ferro já não funciona quando queremos com alguém ferrar.
Vovó explica que pra ferrar com alguém, é preciso estudar, ter dinheiro e ser famoso, pois quem tem tais atributos, não arruma desafeto e nem deixa vestígios da ferroada que dá.
Outra história da vovó é aquela que nos diz, que em terra de desdentado, quem tem um dente é banguela. Porém, se fosse caolho e vivesse em terra de cego também seria zarolho e nunca seria um rei.
Essa minha vovó era mesmo muito esperta!
Ela sempre nos lembrava, que aqui na terra existiu um tal ciclope, que por ter um olho só, gastava pouco dinheiro com os oftalmologistas, que só podiam cobrar metade da sua consulta. Esse sim era esperto, enxergava muito bem, porém por ter só um olho juntava muito vintém. Acabou virando rico, mas também não foi pro o céu por causa daquela agulha, por onde devia passar. Coisa que só um camelo, mesmo com sua corcova conseguia atravessar. Hoje os ricos compram passagem bem arrojada, não precisam de agulhas, nem de levar agulhadas. Eles vendem seus camelos, compram passagens aéreas e viajam de beleza, sentados sobre almofadas.
Vovó também me explicou a vantagem do caolho, ele não enxerga pros lados mas, com a cabeça pra frente, tendo apenas um olho ele engana muita gente. O caolho e o ciclope são primos, mas não são parentes.
Vovó sempre me diz que parentes são os dentes, que ficam na boca da gente! Se mostram quando sorrimos, mas também podem morder. Se alguém fala da gente usamos pra defender. Vovó é muito sabida, e me ensinou esse truque. Fiquei esperto e malandro, e já mordi muita gente não pagando o que peguei, pois emprestado é meio dado. E se é dado, não pago!
Vovó chama atenção para quem cedo madruga. Esse não recebe ajuda e acaba muito cansado. Boceja a toda hora fica com sono e cochila. E sendo assim, o coitado, nem faz a cama e nem deita na fama. Ficando sem se ajeitar e, portanto se rejeitando. Fica igual a um cachorro que rejeita osso, e como diz o ditado deve ser castigado. Mas sofrer castigo e ficar muito acamado deverá comer um caldo de galinha, com cuidado! Vovó sempre afirma: - caldo de galinha mesmo tomado com cautela pode dar dor de barriga! Mas essa é daquelas que só dá uma vez só.
Minha avó conheceu um ferreiro, aquele que fazia churrasco com espeto que era de pau. Ele ficou rico, comprou churrasqueira toda cromada e agora o espeto é de metal. Esse era o sonho dele. Ele era um homem persistente. Vontade não lhe faltava, vivia sempre dizendo que água mole em pedra dura respinga pra todo lado.
E ao respingar molha a gente que pode pegar resfriado.
Vovó conheceu também o pai do tal ferreiro, que tinha espeto de pau e comprou um de metal. Eles eram tão semelhantes, que pareciam esculpidos. O filho era o pai encarnado, pois vivia sempre vermelho ou como diz corado! Nasceu tão parecido, que todo mundo afirmava que filho de peixe também é escamado. Tem escamas em todo corpo, parece coisa do mar, que quando bate nas pedras volta com força pra trás, fazendo marola inversa.
Vovó conta histórias muito longas, cheias de lenga-lenga feitas para boi cochilar. Pois hoje em dia, nem boi dorme no ponto, pois quem dorme no ponto é passageiro que perdeu o ônibus. Foi assim que vovó conheceu um cara que perdeu a condução, dormiu no ponto, e quando chegou em casa brigou muito com a mulher. A vizinha do casal se meteu na confusão, mas foi com um garfo na mão. Ela sabe muito bem, que em briga de marido com a mulher não se deve meter a colher. Com o garfo é melhor para podermos espetar, e como diz a vovó, a briga fica melhor!
Já está chegando à hora da vovó ir descansar. São muitas histórias boas. São tantas e todas sem nó. São desatadas, longas e compridas como perna de pavão ou será de gavião?
Aquele de bico torto que não é garça nem cegonha. E por falar em cegonha, vovó me contou uma história de moça de pouca vergonha. Uma desavergonhada, que foi numa pescaria em vez de ficar em casa. Nem peixe ela pescou, mas acabou mal falada.
É bom não contar nada seguir um velho ditado, ditado pela vovó: é melhor ficar calado do que gastar o solado correndo de um soldado que não permite histórias que podem criar confusão.
Vou parando. Vou calando, pedindo de coração, a vovó que abençoe este seu neto querido que tem medo de prisão!
Peço a vovó querida que abençoe os leitores, meus amigos meus amores, a quem agradeço de todo meu coração. Espero que tenham gostado se encantado e emocionado e não ficaram zangados com tanta história maluca! Até a próxima!
Edison Borba

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