sexta-feira, 2 de setembro de 2011

SILÊNCIO, POR FAVOR, SILÊNCIO!

Não quero julgar ninguém. Sou apenas um homem que tenta responder as tradicionais perguntas: quem sou eu? O que estou fazendo aqui? Para onde vou? Além de outras dúvidas que me perseguem. Será que existe algum sentido na beleza? Na feiúra? No terror? No sofrimento?  Quero mergulhar nas profundezas do universo e tentar entender  o mundo. O que existe no final do abismo? Preciso saber o que fazer. Não quero ser dizimado como os dinossauros sem entender o motivo. Vivo buscando caminhos. Preciso me integrar aos fenômenos da natureza, onde os mais fracos servem aos mais fortes, como  raposas e galinhas,  políticos e cidadãos,  lobos e cordeiros, carrascos e condenados. Se esses relacionamentos fazem parte de um processo evolutivo, não vou mais questioná-los. Sou um homem, mas também sou animal. Porém, sendo racional eu sei distinguir o certo do errado e o bem do mal. Mas se meus atos fazem parte do processo para manter o equilíbrio das espécies, quando causo calamidades, nada mais faço do que seguir um caminho natural. Mas isso é loucura! Não posso admitir as guerras, as fraudes, o preconceito, os roubos, a violência, os seqüestros e o terrorismo. Vivo uma revolução interna. Sinto uma dor impossível de descrever, quando me pergunto: por que tantos morrem de fome, se a Terra é farta? Por que os poderosos podem agir livremente? Por que a impunidade persiste? Será que  fazem parte da predestinação humana? Serão os algozes os verdadeiros paladinos, que vieram com a missão de punir? Por que eles legam aos seus descendentes o poder de mandar e crucificar? Gerações e gerações fazendo valer suas forças e seus encantamentos. O que leva as multidões a segui-los? Por que seus discursos e orações são tão poderosos e envolventes? Homens e mulheres intocáveis! Brilhantes em suas falas! Sempre sorridentes, mas às vezes lacrimejantes, me comovem, com suas promessas. Eu me deixo envolver por suas “verdades”. Me reprovo e me condeno. Minha dor é particular. À noite, quando sinto meu coração bater, sei que sou uma obra ao contrário. Cada dia que vivo é cada dia que morro. Vou desaparecer sem ter me completado. Continuo carregando dúvidas. Sinto-me culpado. Estou condenado. Minhas palavras podem ferir cortar e fazer sangrar. Mas isso é um ato perigoso. Tenho medo. Acho melhor me calar e continuar apenas com perguntas sem respostas. Elas são perigosas. Deixar como está: em equilíbrio. Por que procurar novos sofrimentos? Os antigos já fazem parte do nosso cotidiano. As feridas já nem doem tanto. Silenciar é uma forma de sobreviver. Silêncio, por favor, silêncio!  
Edison Borba

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