Professores da rede pública do estado das Minas Gerais, em greve, estão acorrentados numa praça no centro de Belo Horizonte. No mesmo período em que os resultados do ENEM são divulgados e que o ensino privado ocupa os primeiros lugares, fica absolutamente claro que o nosso ensino público, seja ele, federal, estadual ou municipal, está sob o jugo de correntes. Nos agarramos na leve melhora que os resultados 2011, apresentaram em relação ao ano anterior, mas é um movimento tão lento, que ainda faltam muitos e muitos anos para o ensino público se aproximar do aplicado nas unidades particulares de ensino.
Falta de continuidade nas políticas educacionais, é algo extremamente sério em nosso país. O que estava sendo feito num governo não é aproveitado na administração seguinte. Estamos sempre na estaca zero, com raras exceções.
Em todo o Brasil, faltam professores para algumas disciplinas, como Física, Geografia, Língua Portuguesa entre outras. Essa situação vem sendo mascarada, através de notas e conceitos distribuídos aleatoriamente, permitindo a aprovação sem conteúdo.
Falta de material pedagógico didático adequado. Algumas escolas das capitais começaram a ser aparelhadas, mas ainda de forma insuficiente para um ensino de qualidade. Em relação ao Brasil, os professores trabalham apenas com a lousa e o giz, quando os tem.
Prédios inadequados. Da mesma forma que falta material, os prédios das nossas escolas não apresentam condições ideais. Não podemos nos abster de comparar as unidades escolares públicas do país, entre si, e entre os prédios da maioria das privadas ou particulares.
Políticas públicas claras e bem definidas para um país de grande diversidade territorial. Não basta saber ler e escrever é preciso humanizar, formar cidadãos, garantindo suas particularidades, estaduais, municipais e até comunitárias.
A escola que mantém o primeiro lugar no resultado do ENEM, declara que além das disciplinas tradicionais, seus alunos tem aulas de História da Arte, Filosofia, Ética, idiomas e atividades culturais diversas. Mantendo uma relação entre o tradicional e o inovador e remunerando adequadamente seus profissionais eles conquistaram a primeira colocação.
Desvalorizar os professores através de baixos salários é menosprezar o ensino público e todos os que dependem dele. Alunos e familiares, também são colocados em planos de inferioridade. As dificuldades enfrentadas pelos profissionais da educação, leva a um relacionamento complexo com a comunidade na qual a escola está inserida, que mesmo entendendo as dificuldades das escolas, tem o direito de um ensino de qualidade.
Apesar de acorrentado, o ensino público no Brasil, caminha. Não em passos largos e num ritmo acelerado, mas caminha. Em todo o nosso País, existem profissionais competentes que fazem maravilhas em suas salas de aula. Estimulam seus alunos. Constroem projetos. Organizam atividades. Não existe inércia. Não existe desânimo. O espírito de luta está em todos os que lidam com educação. Mesmo arrastando correntes, os professores caminham na construção de um Brasil melhor. O resultado do ENEM chegou na hora certa, ele ajuda a entender e a desacorrentar a educação brasileira.
Edison Borba
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