segunda-feira, 12 de setembro de 2011

MUSAS - MULHERES - MISSES

O ano de 1954 foi marcado por grandes acontecimentos. O suicídio do então Presidente da República, Getúlio Vargas, inicia  uma gigantesca mudança em nossa política. Porém, também foi o ano da beleza. Uma baiana de olhos verdes encantou o mundo com seu sorriso e medidas, Marta Rocha, a eterna Miss Brasil, viaja para nos representar no Concurso da Beleza Universal. Diante de tanta perfeição, os jurados encontraram duas polegadas a mais nos quadris da nossa representante, nos deixando perplexos e indignados.

                                                    "Por duas polegadas a mais,
                                                     passaram a baiana pra trás.
                                                     Por duas polegadas,
                                                    E logo nos quadris.
                                                    Tem dó, tem dó, seu juiz."

E foi cantando essa marchinha, de Alcir e Pedro Caetano, que o povo brasileiro protestou com bom humor contra a derrota da nossa beldade. Aquelas polegadas colocariam a linda Marta Rocha no pedestal da fama. Passou a ser reverenciada em todo o planeta como uma das mais lindas mulheres do mundo. Os anos que se seguiram, transformaram o concurso de Miss Brasil, numa competição digna de um Fla x Flu. Vestidas em maiôs Catalina,  roupas de gala e usando trajes típicos de seus estados belas brasileiras desfilam suas curvas pelas passarelas do Maracanãzinho. Busto, quadris, altura e peso eram analisados pelos juízes e torcedores que lotavam as arquibancadas do estádio. Ao som da Canção das Misses, composta por Lourival Faissal e na voz de Ellen de Lima, elas flutuavam pela passarela.
Os Estados brasileiros se apresentam
Nesta festa de alegria e esplendor
Jovens misses seus Estados representam
Seus costumes, seus encantos, seu valor.
Em desfile nossa terra, nossa gente
Pela glória do auriverde em céu de anil
Sempre unidos
Leste, Oeste, Norte, Sul
Na beleza das mulheres do Brasil. 
Os concursos de beleza eram um bálsamo, um momento de ternura, um oásis na vida dos brasileiros. Não se tratava de alienação, era  encantamento mesmo.Ouvir os discursos daquelas garotas, que sempre elegiam o Pequeno Príncipe como o seu livro favorito e que desejavam a paz para todo o mundo era comovedor.
Os anos da ditadura foram duros também com as misses. Não havia no coração dos governantes  sensibilidade suficiente para perceber que aquele tipo de evento era necessário para um povo que estava oprimido. A escolha da mais bela brasileira perdeu o brilho e o glamour.
Após tantos anos, é bom que esse tipo de evento volte a ocupar a tela das nossas televisões. Por alguns momentos, nossas preocupações passam a ser simples e até ingênuas como as declarações  das nossas beldades. O maiô foi aposentado e hoje um discreto biquíni veste as belas mulheres. O desfile quase marcial, conduzido sob a batuta de uma orientadora, deu lugar à descontração, a dança e ao espetáculo colorido e musical.
Que venham as misses, alegrando as nossas vidas e fazendo pulsar corações que  se encantam com a beleza do universo feminino.
Edison Borba

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