quarta-feira, 21 de setembro de 2011

DÚVIDAS

Quando eu era criança e alguma coisa ruim me acontecia, me aninhava no colo de minha mãe, que carinhosamente falava baixinho: -“vai passar!”
Hoje, não tenho mais esse aconchego, e fico perdido sem saber a quem recorrer para atenuar minhas dúvidas. No mesmo dia em que os “telejornais” noticiam que a nossa Presidente será a primeira mulher no mundo a proferir o discurso de abertura das Nações Unidas e que o Brasil torna-se um país respeitado economicamente por outras nações, que seremos a sede da copa do mundo de futebol e os jogos olímpicos também serão aqui realizados, acompanho informações sobre o atendimento em nossos hospitais.
Doentes espalhados pelos corredores agonizam sem que haja alguém para atenuar suas dores. Moscas invadem as salas de UTI de um hospital público, paciente percorre diversos hospitais, numa longa caminhada em busca de socorro. Prédios hospitalares em péssimas condições de funcionamento. No mesmo telejornal fico sabendo que médicos fazem greve contra os planos de saúde, alegando baixo reembolso e que os políticos votarão o retorno do CPMF, imposto que já foi cobrado e o que devia ter sido direcionado para a saúde, desapareceu, sumiu ninguém sabe onde foi parar.
No mesmo contexto, ouço:- “são necessários mais de 45 bilhões de reais para que o Brasil possa resolver seus problemas de saúde”. Não tendo mais o colo de minha mãe para me abrigar, entro em pânico.
Diariamente convivemos com erros médicos, que muitas vezes se justificam pela grande quantidade de pacientes que chegam aos hospitais. Profissionais cansados, saturados e mal pagos tentam sobreviver para não deixar morrer os que buscam sua ajuda. Fazendo jornadas longas entre consultórios e hospitais, trabalhando sem material necessário para prestarem atendimentos adequados esses profissionais tornam-se vítimas de um falido sistema de saúde.
Não quero parecer pessimista e nem ser apontado como aquele que “estraga a festa”, mas diante de tanta atrocidade, fica difícil agitar uma bandeirinha verde amarelo saudando o discurso da nossa Presidente. Sabemos da luta que essa mulher terá que enfrentar para limpar e arrumar a casa. Apenas na área da saúde, o lixo acumulado de anos é apenas um dos desafios para o seu mandato. Muitos dos seus colaboradores, acostumados a varrerem o lixo para baixo do tapete, não querem ajudar na higiene brasileira. Temem ser colocados na lixeira, junto com os demais dejetos.
Boa sorte Presidente! Boa sorte! Como dizia minha mãe: - “vai passar!”
Edison Borba

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