quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

AS DENÚNCIAS DO ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio)

Mais uma vez as notas do ENEM, nos colocam diante da situação do ensino brasileiro. Quando os percentuais surgem, eles denunciam a má qualidade do nosso processo de ensino e aprendizagem.  É necessário usar o resultado deste exame para reflexões e ações no sentido de buscarmos alternativas que possam diminuir a calamidade educacional que assola o País.
O Ministro da Educação fez referências ao Ensino Médio, porém a questão é mais abaixo; nosso problema educacional começa na alfabetização. É bom lembrar que o ato de alfabetizar implica em ações neurológicas e psicomotoras que irão influenciar em todo o processo de aprendizagem. Não basta pronunciar as palavras de um texto, é preciso traduzi-las em forma de um real entendimento do que contém a mensagem.
Alfabetizar é estimular  amor às letras, as palavras e as frases, que irão resultar no interesse pelos livros. Sem amor à leitura, diminui a   curiosidade. Sem curiosidade diminui o conhecimento  e cultura. Sem essas bases, o cérebro fica vazio  não havendo como desenvolver uma redação, independentemente do tema solicitado.
Infelizmente, não há estímulos à leitura no Brasil, não amamos os livros, não estimulamos nossas crianças e jovens a ler pelo prazer. Nas escolas, os livros, quando são indicados, surgem como obrigações a serem cumpridas e o amor passa, cada vez mais longe das salas de leitura.
Paralelamente, acompanhamos famílias orgulhosas em divulgar que seus pequenos “rebentos” usando e abusando da manipulação dos computadores e seus derivados. Sem dúvida, a utilização destas maravilhosas máquinas, está cada vez mais contribuindo para a “burrificação” do nosso país, diferentemente do que acontece com outros povos, que sabem pensar e usar corretamente todos os novos veículos de informação.
Estamos fazendo o caminho inverso: primeiro é preciso aprender a ler conscientemente, para poder   traduzir os  pensamentos através de qualquer veículo a começar pela fala e escrita.
Os zeros nas redações do ENEM são indício que estamos caminhando para um País em que o povo  está com pouco conteúdo armazenado em seu cérebro, portanto não há o que lembrar para escrever um texto.
Estamos cada vez mais monossilábicos. Nossa comunicação está monopolizada por veículos de comunicação que enaltecem a forma errada de pensar, falar e escrever.
Usar a internet, passar torpedos sem ter  formação e informação cultural básica é condenar o País a tragédia de continuarmos no fim da fila.
Infelizmente esta situação está mais evidente naqueles que frequentam o ensino público. Sabemos que muitas das melhores notas continuam nas mãos de jovens de classe média alta, que detém o poder financeiro educacional. Temos claramente escolas de ricos e escolas de pobres.
Não se trata de condenar a escola pública, que precisa ser enaltecida e parabenizada, por trabalhar com um universo diversificado de alunos, de diferentes condições etárias, religiosas, moradia entre outros fatores. O professor que atua numa escola da rede pública trabalha lutando para universalizar seus ensinamentos, tentando não deixar ninguém excluído. Portanto, o resultado do ENEM, também deve servir para refletirmos sobre a luta que o ensino público enfrenta ao ser comparado com o ensino privado, que pode escolher seus melhores alunos e com eles fazer um trabalho diversificado visando à preparação para o ENEM.
As salas de aula no ensino público são democraticamente organizadas, infelizmente, os governos não colaboram oferecendo melhores condições para a aprendizagem dos seus alunos.
Não adianta ficarmos  maquiando a verdadeira educação através de percentuais, buscando onde melhoramos. Enquanto não soubermos ler e escrever, enquanto nossas crianças e jovens não forem seduzidos pela leitura e amor aos livros, continuaremos sendo medíocres teclando besteiras e matando a língua portuguesa. Continuaremos a ser massa de manobra nas mãos dos que aprenderam a “pensar”, para subjugar o povão que vive mergulhado na ignorância.
É triste, é muito triste, acompanhar a tragédia que a cada dia destrói mentes, que poderiam ser brilhantes.
É triste! É realmente muito triste!
Edison Borba
 
 
 

 

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