terça-feira, 13 de janeiro de 2015

CICLOS FAMILIARES

A vida é rica em ciclos. A história é estudada de ciclos. A natureza é organizada em ciclos. Os ciclos representam um enigma: avançar e avançar e sem que se perceba voltar às raízes, como se não tivéssemos seguido em frente.
Elis Regina fez um grande sucesso cantando: “Como Nossos Pais”,  inesquecível  interpretação de uma letra que deixa claro, que apesar de termos feito tudo, tudo diferente, ainda somos e vivemos como nossos pais.

Somos produto de famílias patriarcais, onde os homens eram respeitados sem nenhuma contestação. Esposas e filhos acatavam ao pé da letra as determinações paternas. A Terra girou e girou elevando as mulheres à condição de matriarcas. Um significativo número de mulheres dominou a cena e passou a direcionar e alimentar seus lares.
O ciclo de gêneros prosseguiu e hoje homens e mulheres organizam lares, sem que haja um determinismo  social na formação dos pares e de quem está encarregado de prover a casa.
Qualquer que seja a estrutura mantenedora de uma família, uma condição não pode deixar de existir nos lares: o amor, que se for presencial, provavelmente terá melhores resultados.
 Atualmente o número de famílias virtuais, tem aumentado significativamente. Uma grande teia  de compromissos que envolvem  parceiros, pais, mães e filhos é de tal ordem que os contatos pessoais estão sendo substituídos pelos virtuais. A internet passou a ser o elo  entre os membros de uma família: emails, torpedos, recados, faces e outros meios de comunicação invadiram as nossas casas.
As notas escolares são acessadas, aparecendo nas telas dos lep-tops,  acabando com os boletins e também com a relação pais e filhos. A entrega pessoalmente do documento e a assinatura permitia  conversar sobre cada uma das notas, professores e o aprendizado como um todo. Mesmo quando a zanga tomava conta dos responsáveis, a relação olho no olho era consumada.
Os recados deixados nos sofisticados celulares,  tranquiliza pais e mães que acham que sabem onde estão seus filhos. O simples fato de “apenas” ouvir a voz ou receber uma mensagem dos filhos, não significa que eles estejam no local onde “deveriam”(??!!) estar.
A infinidade de amigos pessoais, que todos os membros de um mesmo grupo familial possui  ajuda a desagregar o grupo, formando células fechadas em quartos, que mesmo quando as portas estão abertas, continuam mantendo os corações fechados.
A relação de amigos particulares é, fechada a sete chaves, com códigos de comunicação em alguns casos quase invioláveis.
Aos poucos os laços familiares estão se tornando mais tênues e as famílias transformando-se em virtuais, de tal forma, que possivelmente o ciclo familiar vai nos levar de novo para o regime patriarcal. O número de jovens que somem de casa, que se envolvem com drogas, com atividades sexuais precoces e que se comunica com pessoas totalmente desconhecidas de seus responsáveis, poderá chegar a um nível do insuportável, e quando isto acontecer, surgirá à dura mão do carrasco, para tentar refazer o que sobrou da família.
Mais um ciclo familiar está se completando, e em breve estaremos agindo como nossos pais, avós e bisavós numa tentativa de assegurar o equilíbrio e a harmonia dos grupos, e quando isto acontecer, o patriarcado poderá voltar a dominar a cena.
 Edison Borba

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