Hoje, acordei com uma
séria dúvida: “povo bom é povo bobo?” ou “povo bobo é povo bom?”. Há anos que
ouço dizer que o brasileiro é um povo alegre, hospitaleiro e de índole boa e
feliz. Fotos, propagandas e cartões postais atraem os turistas, que se encantam
com a receptividade do povo brasileiro. Somos uma complicada mistura genética
de índio, negro, europeu, asiático e provavelmente até de marciano. Ocupamos a
maior área territorial da América do Sul, com uma extensa variedade ecológica,
porém, não fomos agraciados com terremotos, erupções vulcânicas, tsunames,
ciclones e outros tipos de problemas geográficos e climáticos. Somos privilegiados,
de tal forma, que espalharam um boato de que Deus era brasileiro.
Todos que nos visitam,
juram que voltarão. Retornam aos seus países, levando na bagagem, além das
fitinhas do Senhor do Bonfim e fotos no Cristo Redentor, a hospitalidade desse
povo dócil, bom e bobo.
Sem querer provocar
raiva e ódio, explico que docilidade e bondade demais, podem ser prejudiciais à
saúde.
Estamos vivendo no
Brasil, um momento muito grave, quanto ao abastecimento de água. Fontes e rios
acabando, baixo índice pluviométrico, terra secando em lugares até então
inimagináveis. Porém, nossos governantes continuam garantindo que não
necessidade de racionamento e de uma ampla campanha educativa, além de obras
que já deveriam ter sido realizadas principalmente nos estados de São Paulo,
Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Lembro-me de ter ouvido
em algumas passeatas e manifestações, o grito de ordem: “o povo não é bobo!”, referindo-se
a certa emissora de televisão do país que tem os maiores índices de audiência
do Brasil. Como se explica esta contradição? Não é bobo, mas assiste aos
programas da emissora acusada pelos manifestantes.
Confuso! Muito
confuso!
Quanto ao problema da
seca, que era endêmico na região nordeste, e que agora passou a ser epidêmico,
chegando ao sudeste e enraizando-se por outras paragens brasileiras. Continuamos
a aceitar as explicações dos políticos que afirmam se tratar de uma questão
pontual e passageira. Não se viu ainda uma tomada de posição séria! Até o
momento, as medidas tomadas foram paleativas, não atingindo o cerne do
problema.
O povo, não é bobo,
mas acredita nas historinhas e promessas dos governantes!
O carnaval se aproxima
e logo a seguir os feriados, que este ano, estão estrategicamente posicionados
no calendário, proporcionando esticados finais de semana. Que maravilha!
Em 2016, o Brasil, irá
sediar os Jogos Olímpicos, mesmo com toda a poluição da baía da Guanabara e
lagoas, onde algumas modalidades esportivas serão realizadas. Enorme falta de infraestrutura
nos hospitais e saneamento básico de péssima qualidade. Violência aumentando,
sem que nossos policiais consigam dar conta de prender tanto bandido.
Apesar de tudo isso, o
povo brasileiro continua rindo, feliz, alegre e hospitaleiro. O que será desta
terra continental, após o final das Olimpíadas? Será, que nossa preocupação com
água só deverá acontecer após 2016? A cidade do Rio de janeiro que sediará as
competições, irá hospedar milhares de
turistas, que ficarão encantados com a nossa docilidade e carinho. Provavelmente,
não sofrerão com a falta de água e nem cortes de energia elétrica, voltando
para suas casas, encantados com o povo e com a beleza das nossas praias e
mulheres. E nós, o que somos?
Edison Borba
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