quarta-feira, 16 de novembro de 2016

TRISTE CENA - HORA DO ALMOÇO!



Cena familiar observada no Bar Aurora, situado no bairro de Botafogo, rio de Janeiro.
Não é ficção, é um fato real.
Cena: família entra no bar. Casal, provavelmente na faixa etária dos 40 anos. Acompanha um filho (menino), com idade presumível  entre 12 e 14 anos. Completa a família, uma senhora, avó materna do menino. Condição identificada por uma observação ouvida entre as duas mulheres.
Ocupam a mesa em frente a minha. Logo após os pedidos serem feitos ao atento garçom, o pai inicia um longa conversa telefônica, usando o celular. A mãe também usa o celular, provavelmente olhando fotos e recados. O menino inicia um jogo através de aparelho eletrônico, que ele manipula com maestria. A senhora, dirige seu triste olhar para a televisão do bar, que, sem som, exibia imagens de um programa de esportes.
Nenhum deles trocou qualquer tipo de informação. Nem olhares, nem palavras. Nada. Cada um, mergulhado em seu mundo particular.
Comecei a lembrar de Belchior, que num momento de inspiração, nos legou a bela e triste composição, “HORA DO ALMOÇO”.
Cada um guardando mais o seu segredo. Isolados em mundos tão diferentes, essas quatro pessoas são uma família. Silenciosos, calados, distraídos com seus brinquedinhos ou com o olhar perdido numa tela muda de televisão, eles almoçaram.
Diferente da hora do almoço de Belchior, não houve desentendimento, porque não havia conhecimento das presenças. Os quatro almoçaram sozinhos.  Cada um saboreou o seu pedido particularmente. Solitariamente. Tristemente.
 
Triste cena familiar. Hora do almoço. Que almoço?
Edison Borba

Um comentário:

  1. ACONTECEU O MESMO COMIGO NO RESTAURANTE MINEIRA NO HUMAITÁ. A FAMÍLIA NÃO TROCOU UMA PALAVRA ENTRE SI, SÓ COM OUTRAS PESSOAS PELO SKIPE DO TABLET, SMART PHONE, E OS VELHOS OLHAVAM A TV MUDA. FIQUEI TRISTE E OI MEU ALMOÇO NÃO FOI BOM.......

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